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terça-feira, 3 de julho de 2018

Espírito Santo, o caçador de dragões

"Em 21 partidas frente ao FC Porto, Espírito Santo tem o brilhante registo de 20 golos.

O futebol é repleto de frases feitas que tentam explicar fenómenos de uma modalidade volátil em que, apesar da diferença de qualidade entre equipas, qualquer resultado pode surgir. Exemplo disso é uma das frases mais vezes repetidas nos dias anteriores a um clássico: 'é nos grandes jogos que os grandes jogadores aparecem'.
Espírito Santo era esse tipo de jogador. O avançado parecia talhado para os grandes encontros, e com especial apetência para marcar aos portistas. Em 21 jogos contra o FC Porto, apontou 20 golos. O ponto mais alto destes embates foi nas meias-finais da Taça de Portugal 1938/39, em que apontou o único golo dos benfiquistas no Porto e, na 2.ª mão, fez dois tentos na vitória por 6-0, merecendo destaque por parte da imprensa: 'Espírito Santo foi a maior figura em campo. Fulminante, entusiasta, sem malabarismos prejudiciais. A sua entrada no 5.º «goal» foi admirável'.
Tudo começou na sua época de estreia, após o Benfica ter perdido, na 10.ª jornada do Campeonato de Lisboa de 1936/37, contra o Carcavelinhos, por 2-1, numa partida em que o domínio 'encarnado' foi absoluto, 'o Benfica levou a bola à baliza do Carcavelinhos 56 vezes, ao passo que o Carcavelinhos não teve mais que 1 ocasiões dessas'. Com esta derrota, os 'encarnados', que vinham a liderar a competição, perderam o título na última jornada. A imprensa achou em Freire a razão para o fracasso: 'terá sido mais culpado que os companheiros em não rematar com felicidade «chances» gloriosas de marcar'. A equipa necessitava urgentemente de um finalizador.
A poucos dias do início do Campeonato Nacional, o treinador Lipo Herczka aproveitou o jogo amigável frente ao FC Porto para testar uma nova solução no centro do ataque: Espírito Santo. A opção resultou de forma brilhante. 'Espírito Santo, colocado no «team» em vez de Freire, o autor de três «goals» e o primeiro rematador do lance que derivou um quarto. Queixando-se a equipa de falta de uma avançado-centro, parece que o caso está resolvido. Mas estará? Por agora, deve apenas dizer-se que o avançado-centro conseguiu uma boa proeza'. O jogador agarrou o lugar e, das duas vezes que defrontou os portistas para o Campeonato, fez dois golos. O Clube festejou a conquista da prova e o avançado sagrou-se o segundo melhor marcador da equipa.
Pode ficar a saber mais sobre este sensacional jogador na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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