"Todas as roturas são polémicas.Nunca acreditei que a implementação do VAR (video assistant referee sigla em inglês) não fosse um exercício de trapézio (e em alguns casos sem rede), mas ele veio para ficar (em Portugal, pelo menos mais uma época) e ainda bem. Voltar atrás colocaria o futebol à condição de disco de vinil: é giro, mas coisa de colecção. De revivalistas.
O problema não está no VAR, antes na forma como se ainda olha para ele. Comparando, é como se fossem os taxistas do aeroporto a gerir a frota da Uber: uma tecnologia nova com vícios velhos. O futuro, creio, não passará por ter juízes de árbitro de régie; o futuro poderá passar por uma nova categoria de VAR: analistas com qualificações que vão muito para lá da experiência na relva.
E há uma categoria em risco: os auxiliares. Tendo os árbitros a recomendação de esperar que a jogada decorra mesmo quando é levantada a bandeira de fora de jogo para dar tempo ao VAR de se pronunciar, fará sentido que daqui a uns anos continue a haver os bandeirinhas?
Ou pelo menos terem a função de assinalar o offside? A tecnologia está cada vez mais avançada e a que existe hoje já daria para resolver a questão do fora de jogo. O leitor conhece aqueles minicoletes que os jogadores usam por debaixo das camisolas? Pois eles emitem um sinal de GPS. Ora, bastaria uns ajustes de software e que a bola usasse um chip (como na tecnologia da linha de golo) e facilmente observaríamos em tempo real se o pontinho azul (o jogador que recebesse a bola) estaria à frente da linha de pontinhos vermelhos (a defesa) que surgiriam no monitor do videoárbitro, além das imagens. O auxiliar até poderia continuar em campo, mas outras funções, deixando o poder do digital funcionar. É apenas uma ideia, outras poderão e deverão surgir. Porque a criação do VAR deu início a uma nova era: a da fiscalização menos humana no futebol."
Fernando Urbano, in A Bola
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