"Podemos olhar para o videoárbitro, que tem estreia marcada no futebol português para domingo, na final da Taça de Portugal, de duas maneiras. Com esperança ou com cepticismo, embora perceba quem opte pelo outro caminho. É, aliás, natural que nesta fase existam dúvidas. Porque já houve bons exemplos, devidamente aproveitados por quem o defende, e também péssimos momentos, de imediato chamados à colação por quem nele só encontra defeitos. Faz parte desta fase. Convém não esquecer que a tecnologia vai ainda entrar na segunda época de testes, pelo que não está isenta de falhas. A Federação Portuguesa de Futebol, ao assumir-se como pioneira na sua utilização live na final na Taça e na próxima edição do campeonato, está ciente dos riscos que corre.
Posto isto, será o Jamor, como dizia Rui Vitória, o palco ideal para o videoárbitro entrar em campo com toda a força? Entendo a questão colocada pelo treinador do Benfica, mas entendo que sim - ou melhor, não vejo qualquer razão para que não o seja. Na carrinha onde terão todas as imagens disponíveis estarão Artur Soares Dias e Jorge Sousa, dois dos mais experientes árbitros portugueses, tanto no campo como a lidar com o videoárbitro. E no relvado estará um também experiente Hugo Miguel, que não é nenhum novato nos grandes palcos. Pode correr mal? Pode. Mas parece-me que tem tudo para correr bem. Era, aliás, importante que tudo se passasse sem problemas, para que alguns dos cépticos começassem a olhar para o futuro com menos desconfiança.
A História tem-nos mostrado que nunca a mudança é consensual. Mas é inevitável. Com ou sem percalços. Basta apenas que olhemos para eles assim: como algo necessário ao desenvolvimento."
Ricardo Quaresma, in A Bola
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