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sexta-feira, 26 de maio de 2017

O Estádio Nacional

"Em 28 de Maio de 1926, surge um golpe militar comandado pelo General Gomes da Costa (em Braga) e Mendes Cabeçadas (em Lisboa), o qual derruba a I República e instaura um período de Ditadura Militar.
No entanto, esta Ditadura Militar não se mostrou apta a comandar o futuro, apesar de ter permitido 'a convergência e a consolidação de forças fundamentalmente tradicionalistas - a burguesia rural, a Igreja Católica - que se aglutinaram, politicamente, no ideário do «Estado Novo», o qual, a partir de 1933, seria consagrado em nova Constituição.
Em 9 de Julho de 1926, uma nova contra-revolução, chefiada pelo General Óscar Carmona, derrubou Gomes da Costa. O General Carmona assumiu a presidência da República Portuguesa até à data da sua morte, em 1951. Em 18 de Abril de 1928, o então Presidente Carmona nomeava novo governo, sob a presidência do Coronel José Vicente de Fritas. Duarte Pacheco (1899-1943) emerge como ministro das Obras Públicas, e a pasta das Finanças apenas no dia 27 de Abril iria ser preenchida, por António Oliveira Salazar.
Salazar, à imagem do que acontece hoje, exige para o seu cargo um controlo total sobre todas as finanças do Estado, nomeadamente sobre todas as despesas dos vários ministérios, com o objectivo de relançar a economia.
O êxito conseguido por Salazar como ministro das Finanças, em termos de reequilíbrio financeiro, e a sucessiva eliminação política dos seus principais adversários conduzem-no (em Julho de 1932) a presidente do Conselho de Ministros durante 36 anos (desde 1932 a 1968) como ditador 'contestado mas incontestável'.
O concurso para a obra do Estádio Nacional foi publicado em 1934, sendo que o Decreto n. 24933, de 10 de Janeiro de 1935, veio autorizar o Governo a promover a construção do Estádio de Lisboa (...).
A inauguração ocorreu somente em 10 de Junho de 1944, apesar da intenção do Regime na sua inauguração em 1940, aquando da Exposição do Mundo Português.
A construção de um estádio desportivo em Lisboa copia o que aconteceu noutros países com regimes fascistas, como em Roma com Mussolini, no caso do Fórum de Roma (Constantino Constantini - 1935) e em Berlim com Hitler, no caso do Estádio de Berlim (Werner March - 1936), do qual o Estádio Nacional foi uma quase réplica.
Respeitando o paradigma vigente de exaltação da nacionalidade por via da prática desportiva pela sua juventude, Salazar projectou essa ideologia cultural na construção de um estádio que não só servisse para a prática do desporto mas também para a propaganda fascista.
Em Janeiro de 1935, a reunião da Comissão permitiu seleccionar, para a 2.ª fase do concurso, as empresas Mecotra, a Sociedade Italo-Portuguesa de Construções e a SETH. A Sociedade Italo-Portuguesa de Construções foi depois excluída do concurso por razões desconhecidas. Desde modo ficaram apenas duas equipas seleccionadas para a 2.ª fase, que, segundo a tese de Andreia Galvão, eram a de Segurado e Varela, com a SETH, e a Mecotra, com Carlos Ramos. Apesar de terem sido seleccionadas estas duas propostas, a Comissão considerava que '(...) nenhum (dos projectos) estava em condições de responder inteira e satisfatoriamente a todas as imposições do programa'.
O novo estádio vai acabar por ser construído sob projecto de Konrad Wissener em colaboração com o engenheiro Caldeira Cabral, que na Alemanha está a tirar a especialidade de paisagista, sendo as obras entregues à Sociedade de Construções Hidráulicas, dirigidas pelo sr. eng. Belard da Fonseca.
Segundo o entendimento de Keil Amaral, Caldeira Cabral, vindo da Alemanha, 'tinha arranjado cunhas formidáveis e tinha sido recebido pelo Salazar, a quem leu o relatório e mostrou o projecto, e era apoiado na sua maneira de ver pelo Nobre Guedes'.
(...), a construção do estádio. O estádio (complexo) hoje é muito diferente, mas continua a ser o local de eleição do povo português futebolístico da Taça."

Pragal Colaço, in O Benfica

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