"A diferença de valores nas equipas falou mais alto quando a alma vitoriana tentou fintar o destino
Vitória entrou melhor
1. Bom começo do Vitória de Guimarães, rápido e agressivo, com dois médios de cobertura (Luís Aurélio e João Pedro), atrás do um dinâmico Hurtado, prontos para saltar em cima do meio campo do Benfica na fase em que este procura construir jogo, criando extremas dificuldades para Pizzi pensar e ligar o jogo ofensivo dos lisboetas e servir os quatro homens do ataque. As rápidas saídas para o ataque, sempre que conquistavam a bola, iam colocando dificuldades no último reduto encarnado e as deambulações à largura do relvado do lutador Soares faziam adivinhar dificuldades na área do Benfica, com a bola a rondar a baliza de Ederson.
Benfica como peixe na água
2. Mas se a vontade era imensa, ia faltando critério mais refinado na definição das intenções atacantes dos anfitriões e a fome com que assaltavam as hostes benfiquistas ia permitindo que o jogo ganhasse momentos de parada e resposta (transições) com o jogo posicional a perder espaço para os esticões constantes, levando a que o desafio ganhasse contornos onde o Benfica se sentia como peixe na água. Neste contexto, o Benfica dispunha de argumentos que aos da casa faltavam e os artistas de Rui Vitória baralharam as contas de Pedro Martins e numa rápida saída para o ataque, um apoio frontal de Mitroglou libertava Salvio para pintar uma obra de arte e entregar de bandeja ao regressado Jonas a oportunidade de abrir o marcador e colocar a nu a diferença de qualidade na definição das jogadas entre as duas equipas.
Frio, letal e confortável nesta dança vertiginosa que o Vitória o convidava a participar, o Benfica foi ganhando espaços para soltar a arte superior de Pizzi, que sempre que se voltava e combinava com o criativo Jonas transportava o jogo para dimensões estratosféricas, mundo onde habitava a inspiração dos velocistas Salvio e Cervi e em que Mitrolgou era o finalizador por excelência. A vontade para a lita de um Vitória empurrado pelos adeptos esbarrava na incapacidade em conferir qualidade aos momentos ofensivos, com Hernâni, Raphinha e Soares a perderem-se nas intenções atacantes que terminavam sem êxito.
Aluga-se gelo
3. Mas como em situações anteriores ficou demonstrado, este Vitória é uma equipa inquebrantável e à segunda parte trazia de novo os da casa e não esperar pelos acontecimentos, buscando protagonismo e partindo para cima do Benfica, na tentativa de inverter o que parecia traçado. A diferença estava uma vez mais no aproveitamento das oportunidades e aí a ineficácia de Hurtado combinada com a superior qualidade de Ederson explicavam o desnível. Os bancos iam jogando as suas cartadas e a entrada de Bernard para pegar no jogo com outra qualidade demonstrava a clara renúncia à rendição dos da casa. Os de Rui Vitória iam controlando, espreitando o momento de soltar as feras do ataque para desferirem o golpe mortal. Este era o desenvolvimento das acções no teatro das operações, a resiliência de uns em oposição à astúcia e gestão estratégica de outros. Para dar melhor corpo a esta sua intenção de não correr riscos e através da posse de bola gerir melhor os momentos do jogo, Rui Vitória compõe o meio campo com três homens e tira Jonas, permitindo outro conforto posicional no trabalho colectivo dos seus homens e colocar areia na engrenagem da máquina vitoriana.
Era o jogo do gato e do rato, com o Vitória sempre com alma a construir situações de perigo, mas o congelador encarnado manietava e condicionava completamente as ideias dos da casa e nem o 4x4x3 final desenhado por Pedro Martins beliscou a cada vez mais tranquila águia."
Daúto Faquirá, in A Bola
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