Últimas indefectivações

domingo, 8 de janeiro de 2017

“Chega de Saudade”, citou (...), depois de ver alguém a jogar

"Ederson
Meia dúzia de defesas num jogo pouco laborioso, em que se mostrou pouco inspirado na disciplina do pontapé para a frente. Isso e conseguimos finalmente perceber que aquela tatuagem no pescoço é um derrame de crude. Parabéns ao departamento de marketing da Quercus. Será difícil esquecer o que vimos.

Nélson Semedo
Rui Vitória optou por guardar o Nélson-Semedo-que-leva-tudo-à-frente para a Taça da Liga, na próxima terça, e fez bem. Semedo jogou 60 minutos amarelado frente a um dos melhores extremos do nosso campeonato e manteve a compostura, mesmo perante dois ou três daqueles adversários que pareciam estar a viver a sua primeira final da Champions. Exibição pouco memorável, mas nada que ponha em causa as contas consolidadas da SAD em 2017.

Luisão
Luisão é hoje um jogador definido por dois tipos de lances: os que nos forçam a concluir que já não tem idade para isto, e aqueles em que demonstra estar na plenitude das suas faculdades. Hoje foi uma mão cheia destes últimos, com destaque para um corte aos 83 minutos, em que oferece o corpo a um petardo de David Teixeira e, para desgosto dos adeptos rivais, não toca com os braços na bola. Mais uma vez, #ACulpaÉDoBenfica.

Lindelof
Ainda aqui andas? Nunca um jogador do Benfica tinha tido direito a tantos “jogos de despedida”. Lembramo-nos de pelo menos 45 razões por que Lindelöf não devia entrar em campo. Quarenta e seis, se contarmos com o Jardel. Trinta e sei, vá, se tivemos de pagar ao tal tipo do Västerås.

André Almeida
A canção diz “mostra a tua raça, crer e ambição”. Não diz “mostra a magia, a genialidade e o pé esquerdo”. E lá raça, crer e ambição tem o nosso Almeidinhos, que hoje não perdeu um único lance na defesa e continua a assegurar-nos que vamos ganhar isto tudo com ele em campo. Assim seja. 

Fejsa
Quantos de nós enfiámos na semana passada uma dúzia de passas miseráveis pela goela abaixo e pedimos um 2017 sem lesões? Mais uma vez, fomos ludibriados pelo complexo industrial da superstição. Quinze minutos em campo e sai mais um lesionado, desta vez o gigante sérvio que aprendemos a amar. Felizmente, o seu trabalho esta época há muito que está feito. Da IFFHS a Eric Hobbsbawn, passando por Tony Judt, a conclusão é a mesma: a Europa é um estado falhado, Jonas é o quinto melhor avançado do mundo, e equipa que inscreva o Fejsa num campeonato nacional acabará por conquistar o título. Concentremo-nos na única superstição que interessa.

Pizzi
Abençoada expulsão contra o Rio Ave. Foi para isto que se criaram regulamentos! Ver Pizzi no onze inicial é quase sempre garantia de qualidade e futebol perfumado, mas hoje, para além da habitual cabeça fria no meio-campo, teve a companhia de Jonas. O resultado foi uma série de lances bem gizados (sempre quisemos escrever gizados) que só não culminaram em golo, aos 69 minutos, porque certos e determinados agentes e instituições do futebol não o permitiram. Calma, estava a falar do Pizzi, que não conseguiu picar por cima do guarda-redes, depois de um passe maravilhoso do Jonas, e do guarda-redes do Guimarães, que fez a mancha. Há relvados onde ainda se joga à bola.

Salvio
Começou lindamente com um slalom + assistência perfeita para o golo de Jonas. É um prenúncio do deboche que está para vir assim que ele e Jonas recuperarem a sintonia que já lhes vimos. É uma questão de o futebol português sobreviver até lá.

Cervi
O argentino tem sido mais operário do que artista, sujeitando a sua individualidade à movimentação colectiva da equipa. É uma manobra de diversão clássica nos grandes jogadores sul-americanos. Messi também começou assim, a passar a bola à primeira oportunidade em vez de fintar meia equipa pela baliza adentro. Por pouco não foi o jogador mais baixo a pisar um relvado da região de Minho e Trás-os-Montes hoje. É que o Ryan Gauld já chegou a Chaves.

Jonas
Vai minha tristeza
E diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza, é só tristeza
E a melancolia que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim.

Mitroglou
Não se deixem enganar pela aspereza daquele rosto ou pelo modo contido como celebra os golos. Mitroglou é hoje um homem ébrio de felicidade com o regresso de Jonas aos relvados. Recebeu mais bolas em condições, entregou mais bolas em condições, e teve até a confiança de partir para lances individuais, como aos 41 minutos, quando rapidamente percebeu que estava a abusar da sorte e se viu em terra de ninguém. Todos sabemos que a felicidade é um estado passageiro e, no caso de Mitroglou, não deve durar mais do que dois segundos de cada vez, o tempo necessário para receber a bola e a passar, ou receber a bola e a rematar. Que esta época não te volte a roubar o sorriso que teimas em esconder.

Samaris
Exibição muito esforçada, mas inglória do grego, que fez tudo para nos convencer de que a ausência de Fejsa não será problema, uma tarefa manifestamente impossível. Algumas pessoas na internet dizem que fez penalty sobre Hernâni, quase a terminar. Quando for assim, não respondam.

André Horta
Entrou para segurar o meio-campo e quase assistia Salvio para o terceiro golo. Bom regresso. Saiu disparado do estádio para ir ver o jogo de voleibol dos iniciados B.

Zivkovic
Cinco minutos em campo que serviram para constatarmos que o nosso treinador se pode dar ao luxo de guardar Rafa e Gonçalo Guedes para competições menores, como a Taça da Liga.

Nuno Almeida
Arbitragem serena num jogo com faltas a mais. Tendo em conta que ganhámos, ainda não será hoje que partilhamos a morada do senhor. Mais uma vez, a culpa foi do Benfica."




1 comentário:

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