"Ser reconhecido como bom ou apontado como mau treinador depende muito mais dos resultados obtidos que da forma como se trabalha. Exemplos não faltam, e só isso ajuda a explicar como alguém que está nos píncaros pode passar a ser visto com desconfiança. Ou o oposto.
Rui Vitória é um dos melhores exemplos: quando treinou o Vitória de Guimarães andou por cima, andou por baixo, mas sobreviveu às críticas, navegou os elogios e acabou no Benfica, onde de novo andou por baixo - ali a roçar a criação de petições públicas para que fosse despedido. Agora está por cima e talvez no domingo se sagre campeão, deixando por baixo Jorge Jesus - também no Benfica andou em altos e baixos vertiginosos - que vendo reconhecida a qualidade de jogo e a pujança da candidatura do Sporting ao título se vê perante o risco de alguém lhe apontar o dedo como ao homem que tudo podia ter e tudo deixou fugir.
Na montanha russa das avaliações anda ainda Quim Machado, o treinador cuja primeira volta de campeonato valeu tantos elogios que se tornava evidente ser boa medida de gestão renovar-lhe contrato por um ano. Curiosamente, na segunda volta o seu Vitória de Setúbal conseguiu apenas sete pontos e não faltará já quem lhe vaticine futuro longe do Bonfim. No Restelo, Júlio Velazquez chegou sedutor com conversas de futebol espectáculo, olhos na baliza do adversário, e também ele renovou contrato numa altura em que ainda era possível chegar a um lugar europeu. Foi dando entrevistas interessantes, cultivando a imagem de competência e de diferença, mas a qualificação europeia acabou perdida com deslizes em jogos cruciais. E Petit, demitido no Boavista, quase a fazer o milagre de salvar o Tondela?
Talvez o problema esteja mais em nós, que os sentenciamos, que neles!"
Nuno Perestrelo, in A Bola
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