"As grandes federações desportivas condicionam as actividades e políticas aos fluxos financeiros gerados pela respectiva modalidade, especialmente os direitos de transmissão e patrocínios.
O recente anúncio de uma organização conjunta - atletismo, ciclismo, triatlo e natação - de campeonatos da Europa de 2018, em evidente confronto com os Jogos Europeus - evento multidesportivo promovido pelos comités olímpicos europeus, cuja primeira edição decorre de 12 a 28 deste mês em Baku, Azerbaijão - é um exemplo que merece reflexão. Algumas federações detêm uma evidente mais-valia financeira na organização dos seus eventos e não querem entregar esse activo a outras organizações que não garantem, na sua opinião, o retorno devido à sua modalidade. Num outro prisma, as direcções de muitos dos organismos internacionais são eleitas por um sistema de um voto um país, independentemente de esse país ter, ou não, actividade nessa modalidade ou os seus representantes serem, ou não, eleitos por processos democráticos. Inevitavelmente, ficam permeáveis a interesses cujo orçamento não tem limite, nem escrutínio democrático.
À míngua de transparência e democracia e com escrutínio público diminuto, há quem se mova num poder de alienação de massas, arrastadas pelos grandes interesses financeiros e por deslumbramentos pelo poder.
Estes últimos acontecimentos na FIFA, assim como a nova agenda do Comité Olímpico Internacional no que respeita ao processo de candidatura à organização dos Jogos Olímpicos, são um sinal positivo que o paradigma pode mudar. Uma pequena luz de esperança. Somar a mancha da corrupção à do doping e da viciação das apostas, pode levar a uma catástrofe na sustentabilidade do desporto espectáculo e de alto rendimento à escala global. E isso nem os habilidosos o desejam."
Mário Santos, in A Bola
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