"Não esqueço o Pablo Aimar e tenho a certeza de que o Benfica não o esquecerá e lhe prestará a devida e merecida homenagem
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2. No futebol contemporâneo não há pausas. Acabam as competições de clubes e arrancam as competições de selecções. Mas este é o tempo da intermediação da indústria. Da intermediação e, até, de notícias respeitantes a novos e desconhecidos investidores que vão entrar no capital de algumas recentes sociedades desportivas portuguesas. Criadas em necessidade da lei. E para permitir a manutenção de alguns nas competições desportivas profissionais de futebol. Mas, nesta sede, importava que, quer a Federação, quer a Liga, se recordassem de um dos princípios fundamentais que norteava a educação ateniense e que ontem, como hoje, se chama prudência. É que alguns sinais que nos chegam apenas sugerem a entrada de alguns euros. Mas, o momento é, de verdade, o da circulação de milhões. De jogadores e, já, de treinadores. É o que estamos a assistir. Os milhões até nos assustam. São verdadeiros euromilhões!!! Chegam de todos os lados. Aos diferentes territórios do futebol. Aos ricos e aos remediados. E, mesmo, àqueles que se julgavam em crise e que num ápice, parecem viver a abundância! Todos os jogadores que se anunciam serão brilhantes ou serão, a curto prazo, extraordinários. O que vale é a paciência. Que se casa, por vezes, com o esquecimento. Ou, então, com uma falta cirúrgica de memória.
Os vídeos que nos mostram evidenciam o instante da glória. Da jogada brilhante. Mesmo que tenha sido caso raro. Do golo fantástico que se marca. Mesmo que tenha sido o único! E, assim, vamos assistindo, em todo este período de pausa competitiva de clubes, a contratações anunciadas, desejadas, concretizadas. Mas, ao mesmo tempo, temos jogadores que partem. Uns sem nos deixarem particular saudade. Outros que nos deixam uma saudade imensa. Pelo seu perfume de jogo. Pela entrega e dedicação. Pelo seu amor à camisola e pela sua entrega ao clube. Seja nos relvados, seja no banco.
Pablo Aimar deixa o Benfica e já temos imensas saudades. Do primeiro adversário (Rio Ave) ao primeiro golo (Vitória de Guimarães, numa vitória do Benfica por duas bolas a uma) e até à despedida temos múltiplas recordações. Foram largas dezenas os jogos. Poucos os golos. Mas foi, acima de tudo, um perfume único. Momentos de tango com fado. Momentos em que o futebol se exaltava e em que nós, nas bancadas, ficávamos com vontade para vermos mais. E, depois, em casa, na televisão, revíamos a jogada, o passe, a abertura, o toca e passa, o momento genial.
Não esqueço o Pablo Aimar. E tenho a certeza que o Benfica não o esquecerá. E lhe prestará, no momento adequado, a devida e merecida homenagem. Ao homem, ao cidadão e ao jogador."
Fernando Seara, in A Bola
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