Últimas indefectivações

terça-feira, 11 de novembro de 2025

Terceira vez na compensação não é um acaso, é um padrão


"Em casa, contra Santa Clara, Rio Ave e Casa Pia, o Benfica deixou-se empatar no tempo de compensação. Perder pontos assim é comprometer a ambição de ser campeão. Com os ‘gansos’, a exibição dos encarnados foi cinzenta, mas o que é preocupante para Mourinho é a ansiedade que, à medida que o relógio avança, toma conta da sua equipa...

À passagem da hora de jogo, o Benfica tinha conseguido, através de Pavlidis, da marca dos onze metros, aquele que parecia ser o golo da tranquilidade. Com 2-0, a jogar em casa, e sobretudo, embora não se estivesse a exibir a alto nível, com o controlo absoluto das operações, nem os casapianos deviam acreditar numa cambalhota no marcado. Muito menos da forma caricata como começou a desenhar-se, com um autogolo que não se vê todos os dias, de Tomás Araújo, que aliviou para dentro da baliza a bola que Trubin tinha defendido, numa grande penalidade apontada por Cassiano. Já o lance que deu origem ao castigo máximo, um remate que embate no estômago de António Silva e ressalta para o braço, pareceu demasiado forçado; mas o que aconteceu a seguir, e sobretudo a forma como aconteceu, enervou os benfiquistas dentro e fora das quatro linhas, e com os antecedentes com o Santa Clara e o Rio Ave (sem esquecer o Qarabag), deixou o estádio da Luz em clima de angústia existencial. O golo do miúdo Nhaga, aos 90+1, chancelou o triunfo da lei de Murphy: tudo o que podia correr mal ao Benfica, correu ainda pior...

Autocarro do costume
O Casa Pia, saído de uma chicotada psicológica e com um treinador em estreia na Liga, fez aquilo que se esperava, apostou em três centrais altos, Kaike, Fonte e Sousa, teve em André Geraldes e Livolant, à direita, e Larrazabal e Nsona, à esquerda, jogadores essencialmente defensivos, povoou o meio-campo com Rafael Brito e Seba Perez, e deixou na frente o veterano Cassiano, para o que desse e viesse.
Fez tudo isto com um bloco baixíssimo e sem vontade alguma de se desposicionar, pelo que, aos 15 minutos, a posse de bola do Benfica era de 80 por cento. A equipa de José Mourinho, que aos 9 minutos viu um remate de Barrenechea embater no poste direito da baliza dos gansos, procurou espaços, por vezes em ritmo lento, circulando a bola na largura do campo, e aos 17 minutos chegou à vantagem, num magnífico golo de Sudakov, após trabalho brilhante de Pavlidis.
Dez minutos depois podia ter dilatado a vantagem por Pavlidis, e aos 40' foi Lukebakio, isoladíssimo, a desperdiçar. Antes disso (39), Livolant em boa posição tinha rematado fraco para defesa fácil de Trubin.
Sem ter feito uma exibição de encher o olho, o Benfica regressou à cabina com menos do que merecia, e denotou dois problemas: a esquerda (Dahl e Aursnes) tinha pouca vocação atacante, e a direita (Dedic e Lukebakio) tinha-a em excesso, e ainda muita água terá de correr debaixo das pontes até que o lateral bósnio e o avançado belga comecem a entender-se. Com o Casa Pia, exceção feita a um lance aos 27 minutos, cada um jogou sem pensar no outro...

Golpe de teatro
O segundo tempo, com Prestianni (muito apagado) na esquerda e Aursnes no lugar de Barrenechea, começou com as mesmas caraterísticas da primeira parte, apenas com uma nuance: Ríos (46), Sudakov (51) e Lukebakio (57) ensaiaram ótimas meias-distâncias, bem paradas por Patrick Sequeira.
Quando, de penálti, aos 60 minutos, Pavlidis fez o 2-0, tudo parecia resolvido, mas o autogolo de Tomás Araújo (65), pela singularidade, colocou a Luz à beira de um ataque de nervos. 
Gonçalo Brandão teve essa perceção e começou a tirar o autocarro da frente de Sequeira, deu mais agressividade ao ataque com Dylan Livramento, e aos 84 minutos passou mesmo a uma defesa a quatro, com a saída de Kaike. O desconforto do Benfica, traduzido na perda de consistência a meio-campo, que Mourinho procurou corrigir fazendo entrar Barreiro para o lugar de Sudakov aos 79 minutos, ainda cresceu mais quando o VAR anulou o 3-1 ao internacional luxemburguês, por um fora de jogo de 47 centímetros.
José Mourinho refrescou a equipa com as entradas de Ivanovic e João Rego aos 88 minutos, mas uma perda de bola de Ríos aos 90+1', em confronto com Nhaga, deu início à jogada que o guineense concluiu com o 2-2, após Trubin ter tirado a bola do corte que Tomás Araújo se preparava para fazer.
Pela terceira vez na corrente temporada, em casa e contra equipas que não são do ‘seu’ campeonato, o Benfica voltava a perder dois pontos, não obstante a entrada tardia de Henrique Araújo para dar substância ao futebol direto que se seguiu, até ao apito final.
O Casa Pia fez o jogo que melhor lhe conveio, e o Benfica deverá repensar algumas opções, para fazer frente a partidas com estas caraterísticas, em que o adversário defende com tudo o que tem. Pavlidis precisa de um apoio mais direto? As alas devem ser mais produtivas? A segurança de bola a meio-campo tem de ser melhorada? Sem esquecer que a tudo isto se devem juntar os pensamentos negativos que tomam conta da equipa quando o relógio atinge o minuto 90..."

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!