"As campanhas contra Sporting, Benfica e FC Porto. A campanha de Noronha Lopes. As campanhas contra João Gonçalves e Fábio Veríssimo. A mensagem de Morita e a confissão de Schjelderup
Um adepto, seja de que clube for, é alguém muito especial. 25 de outubro de 2025, 22h00: «Somos o maior clube do mundo; ninguém nos pára.» 26 de outubro de 2025, meio-dia: «Somos um clube de cretinos; como é possível que tudo se vá manter como nos últimos quatro anos?!» 8 de novembro de 2025, 22h00: «Somos mesmo os maiores dos maiores; 93 mil votantes!» 9 de novembro, meio-dia: «Porra, cambada de cretinos. Temos palas nos olhos; não vemos o que aconteceu nos últimos quatro anos?!»
Rui Costa ganhou com 42 por cento na primeira volta e com 65 por cento na segunda: esmagador. Noronha Lopes teve quatro anos (!) para se preparar. Quatro anos em que o Benfica venceu um Campeonato Nacional, uma Taça da Liga e duas Supertaças. Teve quatro anos para identificar os pontos frágeis de Rui Costa e potenciar os seus próprios pontos fortes. Quatro anos, meus caros, são quase 1500 dias. E quais foram, afinal, esses pontos fortes após tamanha preparação? Três: Nuno Gomes, Vítor Paneira e Bagão Félix. Três grandíssimas figuras do Benfica, três nomes acima de qualquer suspeita, três pessoas que trariam valor a qualquer candidatura. O problema, na minha opinião, não esteve em nenhum deles, nem sequer, acredito, em Noronha Lopes. Esteve nos cérebros que prepararam a campanha ao mais alto nível. Quatro anos de preparação e a campanha de JNL foi fraquinha, fraquinha, fraquinha.
Agora, Rui Costa. Recebeu um enorme cheque em branco dos sócios do Benfica. Terá de fazer mais e melhor. Muito mais e muito melhor. Não será fácil. O Sporting de Frederico Varandas não é o Sporting de Godinho Lopes e o FC Porto de André Villas‑Boas não é o FC Porto dos últimos anos de Pinto da Costa. Daqui a quatro anos, quando maio de 2029 terminar, os benfiquistas querem, no mínimo, o 39 e o 40. E, já agora, umas tacinhas e uns quartos de final da Champions…
O adepto, seja de que clube for, é mesmo alguém muito especial. Ouvi, nas últimas semanas, sportinguistas, benfiquistas e portistas — entre muitos outros istas — anunciar que existe uma campanha da comunicação social contra o respetivo clube. O último a dizer foi Francesco Farioli, treinador italiano do FC Porto, que, três meses depois, ainda continua a comunicar em inglês: «Os nossos rivais, os media e todos querem deitar o FC Porto abaixo.» Aqui, meus senhores, o homem tem razão. Todos os dias, em A BOLA, temos três reuniões: a das 12 horas para ver onde podemos atacar o Sporting; a das 15 horas para perceber quais os pontos do Benfica que podemos deitar abaixo; a das 18 horas para estudar como podemos liquidar as aspirações do FC Porto. Cada reunião demora, em média, meia hora. A ideia é detetarmos as partes mais débeis dos três grandes clubes portugueses e, depois, com um estilete chamado teclado, escarafuncharmos até sangrar. A agenda para a semana de 10 a 17 de novembro é a seguinte: falar com o assistente do árbitro João Gonçalves e obrigá-lo a confessar que viu que era pontapé de baliza para o Santa Clara, mas apeteceu lhe marcar canto para o Sporting (estilete nos leões); falar com os senhores do Guinness e forçá-los a dizer que, afinal, só é recorde de votantes se o eleito foi Noronha Lopes (estilete nas águias); falar com o eletricista que colocou a televisão na cabina de Fábio Veríssimo antes do intervalo do FC Porto–SC Braga e obrigá-lo a dizer que os dirigentes do FC Porto queriam uma TV de 98 polegadas, mas ele só conseguiu uma de 55 (estilete nos dragões). Por fim, se tivermos tempo, ficam dez minutos para o SC Braga...
Agora, sim, o fim; agora, sim, a sério. A mensagem de Morita nas redes sociais foi ao mesmo tempo intrigante e preocupante: «Estou a lutar comigo mesmo. Todos os dias me questiono e trabalho arduamente. Regressar aos Açores, onde começou o meu caminho na Europa, e poder jogar contra o meu antigo clube, o Santa Clara, foi uma oportunidade muito especial para mim nesta fase pessoalmente difícil.» Se a luta é por sentir que, desportivamente, ainda não atingiu o nível que deseja, que fique descansado: todos, em Portugal, têm-no em grande consideração. Se, por outro lado, a luta for interior, força aí, Hidemasa. Tal como para Schjlderup: quem nunca errou que atire a primeira pedra."

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