Últimas indefectivações

terça-feira, 11 de novembro de 2025

Rui Costa, a vitória de um sentimento


"Numa campanha feita de emoções, o Rui Costa-símbolo teve um peso superior a erros de gestão. Na dúvida, os benfiquistas agarraram-se ao que conhecem. Noronha nunca percebeu isso

Caiu por terra a teoria de que quando há uma votação em massa nas eleições de um clube é porque está intrínseco um desejo maioritário de mudança. Esta é a primeira conclusão a retirar da vitória de Rui Costa numas eleições que ficarão para a história: o facto de muita gente ter ido votar foi apenas a expressão individual de cada um dos 93.891 sócios do Benfica, como se o exercício de um direito fosse uma obrigação autoimposta na expressão máxima daquilo que deve ser uma democracia madura.
Se para muitos foi surpreendente a vitória do presidente incumbente na primeira volta, o mesmo já não se pode dizer no segundo turno, com as sondagens (desta vez) a acertarem no domínio do maestro. Há muitas razões que poderão explicar os resultados finais, mas não haverá dúvidas de que para os benfiquistas pesou mais a confiança em alguém por quem nutrem um sentimento.
A estratégia de Noronha Lopes também se revelou errada. Haveria muitas maneiras de desmontar as falhas do Benfica 2021-2025, mas o desejo de exibir uma grande equipa e a profusão de ideias vagas produziu uma mensagem difusa, feita a demasiadas vozes. Pior: o líder desse conjunto de pessoas nunca mostrou ter o total domínio dos temas, tal como se percebeu nos debates.
Isto foi criando dúvidas numa massa associativa que é historicamente conservadora e que tem ainda um trauma muito presente chamado Vale e Azevedo. Decorressem as eleições num território puramente racional e isto nem seria tema, mas diz a experiência que a partir do momento em que a luta aquece as emoções tomam conta do espaço comunicacional e sem qualquer tipo de freio. E foi a partir daí que quanto mais o Rui Costa-símbolo era atacado, maior era o efeito contrário. O resto já se sabe: na dúvida, a escolha vai para quem se conhece, com os seus defeitos e virtudes.
Mas há uma última conclusão que se pode extrair desta ultra maratona eleitoral: o presidente dos encarnados dificilmente voltará a ter a mesma benevolência se os próximos quatro anos forem iguais aos anteriores. O desafio é tremendo: a nível desportivo, financeiro e patrimonial. Por enquanto a paz voltará na consequência do grande triunfo, mas tudo dependerá se a bola continuar a bater demasiadas vezes na trave. Até porque já se percebeu que a oposição a médio prazo já tem um rosto: João Diogo Manteigas fez questão de o demonstrar na madrugada de ontem."

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!