"Responsáveis pela arbitragem perderam uma excelente oportunidade de marcar uma posição.
A montanha pariu um rato. Previsível. Já ninguém se surpreende com todo e qualquer caso no futebol português. Sobretudo no que se refere à arbitragem. Há décadas que é assim e é assim, não duvido, que vai continuar a ser.
No meio da turbulência, o Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol realizou uma conferência de imprensa para revelar o balanço das 10 primeiras jornadas das competições profissionais.
A cerimónia há muito que estava calendarizada, pelo que não questiono o timing, embora tenha sido um erro não incluir no escrutínio a 11.ª jornada. Antes de mais por ter sido a última e também por tanta polémica ter gerado. Ou seja, o balanço ou tinha sido feito logo após a 10.ª ou tinha incluído todas as já realizadas. A próxima aparição pública está prometida para após a 20.ª e a seguinte para a 30.ª, evitando-se assim as quatro últimas, provavelmente decisivas…
Concordo com o balanço, admiro a coragem de querer mudar o paradigma do presidente do Conselho de Arbitragem, Luciano Gonçalves, e admiro a clareza do discurso do diretor técnico para a arbitragem, Duarte Gomes. Ambos parecem-me determinados em tirar a classe da escuridão onde sempre se refugiou, mas perderam aqui uma excelente oportunidade de marcarem uma posição no sempre agitado futebol português, com os três grandes, à vez, a tentar sobrepor-se aos rivais. Nada de espírito construtivo, tão-pouco luta pelo bem comum. Cada um só está focado na defesa dos próprios interesses.
O Benfica foi prejudicado no jogo com o Casa Pia e, claro, saiu a terreiro a queixar-se. De forma alinhada: Rui Costa, José Mourinho, Mário Branco e António Silva apontaram ao erro, o penálti mal assinalado a favor dos gansos. Os encarnados perderam dois pontos e não faltou ninguém nas críticas à arbitragem, que foi responsabilizada por mais um empate.
O Sporting foi beneficiado no jogo com o Santa Clara e, claro, ninguém comentou a arbitragem. Tão-pouco algum responsável, a começar pelo treinador Rui Borges, viu o erro, o canto assinalado erradamente que originou o golo da vitória. Os leões venceram os açorianos e a arbitragem não foi chamada à equação.
Já o FC Porto ganhou mais uma vez e a arbitragem, logicamente, não é tema. Percebe-se, pois são 10 vitórias em 11 jornadas. O pior foi o jogo que não ganhou. Logo diante do Benfica. Então o presidente André Villas-Boas e todos os portistas encontraram de imediato o responsável pelo empate. O árbitro, como não podia deixar de ser.
Consciente de como funciona o futebol português, considero que o Conselho de Arbitragem perdeu uma excelente oportunidade de marcar uma posição.
A tarefa não é fácil, mais até na atual conjuntura, onde o nível da arbitragem portuguesa é baixo, seja no relvado ou na sala do VAR, as explicações, como já salientei, são muito salutares, mas é preciso mais. Muito mais. E não se podem repetir declarações como as de Duarte Gomes quando confrontado com as críticas de Rui Costa. O diretor técnico para a arbitragem disse que não as ouviu, que é como quem diz que preferiu chutar o problema para canto…
Não gostaria de ver repetidas as famosas greves, tão-pouco considero que se extraia alguma mais-valia de protesto como o desta jornada, com as equipas de arbitragem a entrarem sozinhas nos relvados, mas está na hora de a classe exigir punição exemplar para os prevaricadores. Sem receio de ninguém. Doa a quem doer. Caso contrário, nada mudará."

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