"As violas estavam afinadas para tocar a finados sobre Roberto Martínez. O que vai suceder agora? Pelo menos que não achemos, de repente, ser obrigados a ganhar todas as provas em que entramos
Hoje é um dia perigoso para os portugueses. É um dia feliz, claro. Mas é perigoso porque tenderemos a achar, de novo, que estamos obrigados a ganhar toda e qualquer prova em que participemos, esquecidos de que há outras grandes equipas na Europa e no Mundo e que estamos num País mais pequeno que a maioria dos outros que luta por estes títulos.
Portugal ganhou mais um troféu internacional sénior, o terceiro em nove anos, quando nada tinha ganho até 2016. O que nos diz isto? Que sim, temos um conjunto muito largo de bons jogadores, habituados à altíssima competição e a jogar em ambientes de pressão. Como têm outros, nomeadamente Espanha (jogou muito bem), França e Alemanha. E Argentina, Brasil, Itália, Croácia, Bélgica, Inglaterra, México, Uruguai e outros mais.
Ser eliminado nos quartos de final de um Europeu no desempate por penáltis contra a França nunca pode ser entendido como um fracasso, mais a mais depois de se ter qualificado com dez vitórias em dez jogos. Perder na Dinamarca (outra boa seleção) não é desprimor, sobretudo quando depois se dá a volta com um esclarecedor 5-2 na segunda mão.
As violas estavam todas afinadas para tocar a finados por Roberto Martínez. A Seleção Nacional, aliás, tem costas bastante largas: ora é gerida por empresários, ora obedece a interesses obscuros, ora ganha qualquer coisa e transforma-se na famigerada Equipa de Todos Nós.
Que o público se comporte assim não tem grande novidade, e na verdade não é mau nem bom — é o que é. Nascemos num país cujos cidadãos gostam muito mais dos clubes (na Argentina e no Brasil não é assim) e temos de saber viver com isso.
Que, ao abrigo de tudo o que foi sendo dito e, sobretudo, não dito publicamente nas últimas semanas, haja violas afinadas dentro da Federação Portuguesa de Futebol para tocar a finados sobre o treinador já parece estranho.
A Seleção é dos adeptos portugueses que há anos enchem estádios nos jogos em casa; é dos emigrantes que nunca deixam de dizer presente quando joga fora; é dos treinadores, dos jogadores. E é de Cristiano Ronaldo, que aos 40 anos ainda marca, sofre e chora por aquela camisola, por mais que boa parte do público entenda que já lá não devia estar.
Mas é a Direção da FPF que decide. Se tiver decidido que Roberto Martínez não é o homem certo, terá de assumi-lo rapidamente. Mas que a viola foi parar ao saco foi..."

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