"Desde que foi construído o Centro de Estágio do Seixal, muitos têm sido os jovens lançados pelo Benfica na alta-roda do futebol nacional e internacional. Uns aparecem precocemente; outros, mais tarde. Uns chegam mais longe na carreira; outros, não tanto quanto prometiam. Depois, há os especiais. João Neves é um deles.
Recordo-me bem da sua estreia, num jogo de má memória em Braga. Esteve pouco tempo em campo, mas aquela figura, só aparentemente frágil, e parecendo vestir um número acima, ficou-me na retina. Quem era o jovem misterioso, que nem sequer havia jogado as finais da Youth League (estava na altura lesionado), e aparecia de rompante na equipa principal do Benfica?
A partir daí, João foi ganhando espaço nos convocados, entrando, com frequência, nos minutos finais dos jogos. Até meados de Abril não somou, porém, o tempo suficiente de uma partida completa. Entretanto, Enzo Fernández deixara o Benfica, e Chiquinho afirmava-se como alternativa na posição.
Veio a semana negra. O Benfica perde com FC Porto, Inter e Chaves, passando de pré-campeão anunciado, e eventual finalista da Champions, para um monte de dúvidas e inquietações.
Roger Schmidt tinha de fazer alguma coisa. E no jogo com o Estoril lançou o jovem algarvio para a titularidade. A equipa estabilizou, regressou às vitórias e selou o merecido título.
Mais do que a frescura que então trouxe no meio-campo encarnado, João Neves impressionou pela maturidade. Não entrou no onze, serenamente, com a equipa a ganhar. Entrou sob alta pressão, em momento decisivo, para resolver o campeonato. Sem tremores, nem temores, com apenas 18 anos e um punhado de exibições de altíssimo nível, resolveu-o.
Chegou agora à seleção A, certamente para ficar. É craque dos pés à cabeça, e a má notícia é que não permanecerá muito mais tempo no Benfica."
Luís Fialho, in O Benfica
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