"Na estreia do novo autocarro, o futebol encarnado rumou a terras alentejanas, trazendo na bagagem mais um título
O mítico autocarro Samua, imagem de marca do Clube durante largos anos, foi substituído em Maio de 1963 por um elegante Scania Vabis. Ao novo meio de transporte não faltou a tradicional cerimónia da bênção, na qual esteve presente a Direcção do Benfica, sendo a madrinha uma das filhas do dr. Fezes Vital, presidente da Direcção.
O Benfica vivia momentos de grande fulgor desportivo, quer nas provas europeias, quer no Campeonato Nacional, sendo líder isolado nesta competição.
A derradeira jornada do Nacional de 1962/63, contra o Lusitano de Évora, ditou que os encarnados tivessem de se deslocar ao Alentejo. Foi uma bela oportunidade para o Benfica colocar à prova o seu novo autocarro. A comitiva encarnada era composta, para além dos jogadores, treinador e sua equipa técnica, por Manuel Afonso, Alberto da Maia, jornalista do Clube, e José Catela, antigo homem-forte do futebol benfiquista. Ao longo da viagem, o autocarro do Benfica foi ampla e vibrantemente ovacionado por todos aqueles que se cruzaram com ele na estrada.
Em Montemor, a comitiva foi de imediato cercada por fervorosos fãs que queriam ver os jogadores de perto ou arrancar um autógrafo ao seu ídolo. Durante o almoço, na presença de Francisco Moreira, antiga glória dos relvados, um grupo de adeptos homenageou o Clube com uma bonita salva de prata. Se seguida, o autocarro voltou a rolar estrada fora rumo a Évora. A meio caminho, a comitiva necessitou de esticar as pernas e combinar pormenores para o desafio. Porém, a calma e a descontração foram de curta duração, pois os adeptos resolveram, também eles, parar os seus veículos para estar junto dos ases do futebol.
À chegada a Évora, a comitiva do Benfica foi grandemente ovacionada, por entre estridentes foguetes e uivos de cornetas. O Campo Estrela abarrotava de público, e, antes do desafio, a equipa do Benfica homenageou os juniores do Sport Lisboa e Benfica e Évora, com medalhas de campeões distritais. No tão aguardado desafio, apesar de ter sido evidente controlo e posse de bola do Lusitano, o Benfica demonstrou eficácia e poder de finalização, saldando-se o resultado numa vitória dos encarnados por 1-3.
Conquistado mais um título nacional, foi tempo de os benfiquistas rumarem a Lisboa, não sem antes fazerem nova paragem, desta vez em Vendas Novas, na herdade do sr. Varela Cid, que ofereceu um jantar de honra aos cerca de 60 membros da comitiva do Clube.
Para saber mais sobre esta e outras histórias, visite a área 6 - Campeões Sempre, do Museu Benfica - Cosme Damião."
Ricardo Ferreira, in O Benfica
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