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sábado, 27 de junho de 2020

Humilhante

"Não podemos esconder a realidade. As decisões têm de ter em conta o futuro. Este presente não tem futuro.

O Benfica perdeu em casa com o Santa Clara, o que por si só já seria uma má notícia para os adeptos. Mas este é apenas um de uma série de resultados que não podem ser aceites nem por adeptos, nem por atletas, nem por dirigentes do Benfica. A pior série de resultados em casa desde 1937. Já nem posso perguntar ao meu pai como foi da última vez, porque não era nascido. Só o meu querido e falecido avô, que me fez benfiquista, me poderia dizer o que é viver algo assim.
Este Benfica pós-Covid-10 foi a pior pandemia que o universo benfiquista poderia receber. Isto não tem explicação, não é aceitável e exige uma resposta.
Fulanizar em Bruno Lage pode ser simplista e injusto. No fundo, é o mesmo treinador que nos deu o improvável campeonato da última época, a Supertaça por 5-0 na pré-época e uma primeira volta quase imaculada neste campeonato. No futebol, é o treinador o primeiro responsável pelos resultados, e estes são desastrosos, muito para lá do que a dor benfiquista consegue suportar.
Os 3-4 contra o Santa Clara são um episódio de um deplorável caminho. Não podemos esconder a realidade. Quando pensamos que vimos o pior, o jogo que se segue mostra um cenário mais escuro. Sem meias palavras, este campanha é humilhante. O plantel tem qualidade, há bons jogadores, mas o azar não explica metade do que tem acontecido. Faltam seis jogos e sobretudo uma final da Taça de que não podemos abdicar.
As decisões têm de ter em conta o futuro do Benfica. Muito mais do que fazer caça às bruxas ou procurar justificações pouco lisonjeiras para quem serve o Benfica, há que cuidar já do futuro. Mas com a mesma clareza digo que este presente não tem futuro. Cada jogo que se aproxima é mais um penoso desafio se não se inverter o caminho. Quando vemos o rival a jogar tão mal ainda sublinhamos mais a nossa incapacidade de fazer diferente. Só o futuro interessa, só as vitórias e a forma de as conseguir são agenda. Neste momento desvalorizamos bons jogadores, pomos em causa trabalho positivo de muitos e metemos uma massa adepta em depressão sem necessidade nem justiça.
Nesta altura, termino como Régio nos Poemas de Deus e do Diabo:
Não sei por onde vou.
Não sei para onde vou.
Só sei que não vou por aí!
Viva o Benfica."

Sílvio Cervan, in A Bola

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