"Ao longo dos últimos anos, assistimos a uma multiplicação de programas de debate e opinião sobre o futebol jogado dentro das quatro linhas e, em especial, sobre o que o rodeia. E não é fácil escapar-lhes, basta ligar a televisão, et voilà. Em consequência, multiplicam-se igualmente os 'especialistas' e 'entendidos' na matéria.
Podemos argumentar que é um exagero; mas, se é verdade que ocupam horas e horas nas nossas televisões, também é certo que há um público sedento de os consumir. E nunca a questão será um tema, porque existem alternativas para todos os gostos. A questão, bem mais grave, é de outra ordem.
Muito do que ali se diz e afirma é feito sem qualquer escrutínio, sem qualquer contraditório. Vale quase tudo. A coberto da liberdade de expressão (e de imprensa) - que, naturalmente, compreendo, respeito e defendo -, para alguns é simples, banal mesmo promover a incoerência, adulterar factos, deturpar informações e sonegar a verdade.
Num patamar seguinte, estão aqueles que, cada vez que dizem algo, o fazem pela negativa. Tudo é mau. Sempre. Nunca têm a hombridade nem a seriedade de falar das boas decisões, dos resultados positivos, dos sucessos obtidos ou dos títulos alcançados.
Diz a sabedoria popular que só não se sente quem não é filho de boa gente. Ser-se criticado, de forma construtiva, é uma coisa: a crítica bem-intencionada, que nada tem de odiosa, deve ser bem-vinda, e é útil lidar com ela. Todavia, ser-se criticado sem fundamento, injuriado ou caluniado, com recurso sistemático e habilidoso à mentira, é outra coisa bem diferente.
E este não é um problema exclusivo das televisões. Diariamente, assistimos a comportamentos similares nas colunas dos jornais e no universo digital.
Vem tudo isto a propósito das 'opiniões' e contradições de alguns desses comentadores - nomeadamente de um conhecido velhaco, a quem não se conhecem dotes de bailarino...
Dizer-se hoje que o plantel do Benfica é fraco, desequilibrado e mal planeado quando, há uns meses, tendo como referência o mesmo plantel, se dizia que em Portugal havia o Benfica e depois havia os outros tal era o fosso qualitativo entre plantéis, revela o quê? Falar de transferências de jogadores, de uma forma extremamente grave, sem o cuidado de procurar, previamente, junto de quem saiba, o contraditório, que deitaria por terra qualquer especulação, é o quê?
Outros dizem que, depois de superar com distinção o teste do sucesso financeiro e das infraestruturas, o Benfica chumbou na cadeira do sucesso desportivo. Mas ganhar cinco dos últimos seis campeonatos não é sucesso desportivo? Conquistar o primeiro tetra da história do Benfica, o primeiro bicampeonato em 31 anos e o primeiro tricampeonato em 39 anos não será sucesso desportivo? Tomar o lugar de outro clube no trono da hegemonia do futebol nacional, ou conquistar todos os títulos que o nosso clube conquistou na última década, facto superado apenas pela dourada década de 60, não é sucesso desportivo? Se não é, o que será então? Uma década com duas finais europeias e o 11.ª lugar no coeficiente de clubes da UEFA, pesando embora as enormes diferenças entre ligas, bem como entre os orçamentos dos clubes europeus, será o quê? Uma década em que apenas quatro clubes marcaram sempre presença na Liga dos Campeões: Barça, Real, Bayern e ... Benfica.
Basta puxar um pouco pela memória e procurar perceber as reais motivações de quem critica. No caso de muitos dos tais 'especialistas' e 'entendidos', não seria difícil darmos com as agendas pessoais de cada um - eles próprios são quase sempre os primeiros a contradizer-se e a deixar soltas as pontas do rasto de invejas e ódios, de histórias passadas, de raciocínios toldados pela síndrome de clubite aguda ou, até mesmo, bem explícitas as verdadeiras razões que hoje lhes ditam determinados comentários.
Resta-nos avaliar factos e, sobretudo, recusarmos alinhar no 'ouvi dizer que'. Mas, no limite, talvez na valha a pena lembrar Churchill, que dizia que era bom ter inimigos - era um sinal de que, em determinado momento da nossa vida, lutámos por qualquer coisa de muito significativo."
Nuno Costa, in O Benfica
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