"Neste fim de semana, vimos a final do Mundial de clubes entre o Flamengo e o Liverpool, no Catar, e a Supertaça italiana, entre a Juventus e a Lazio, na Arábia Saudita. Há quem fique confuso com a forma como o futebol moderno acaba, sem dor aparente, com as velhas tradições; há, também, quem sinta que o futebol romântico morreu de velho e já só é, mesmo, uma saudade; mas também há quem se sinta especialmente entusiasmado com a universalidade do jogo, com a sua relação íntima com os novos modelos económicos do desporto e, enfim, com a natureza da competição sem fronteiras, pronta a servir a quem mais a desejar e a quem mais a puder pagar.
Certamente que não passou despercebido ao telespectador que assistiu à final italiana, o facto dos jogadores da Juventus terem, todos, o seu nome inscrito em árabe, nas camisolas. Não terá sido, apenas, para indicar quem eles eram, aos adeptos locais, mas para poderem comercializar, a preços dignos de serem pagos em petrodólares, as camisolas de um clube que, hoje em dia, só por ironia lhe poderão chamar de vecchia signora.
Os futebolistas dos tempos modernos aproximaram-se, pois, cada vez mais, de globetrotters. E se vierem, no futuro, a confundirem-se com a famosa equipa americana de basquetebol, acabarão por aliar a comédia à arte do jogo. Até que isso aconteça, valem os generosos proveitos que os clubes e os organizadores auferem.
E Portugal? Bom, já se realizou uma supertaça em Paris e a hipótese de uma supertaça em Nova Iorque já foi falada. Luanda ou Maputo seriam sucesso garantido. Um passo pequeno, mas a internacionalização é inevitável."
Vítor Serpa, in A Bola
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