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terça-feira, 26 de novembro de 2019

A história por detrás de uma caixa de cartas

"Aos 16 anos, Espírito Santo chegou a Lisboa e apresentou-se ao serviço do Benfica, um atleta ecléctico acarinhado por todos.

Guilherme Espírito Santo nasceu em Lisboa a 30 de Outubro de 1919 e passou parte da infância em Angola, onde fez parte da equipa de futebol do Sport Lisboa e Luanda. Apresentou-se voluntariamente aos 16 anos ao serviço do Benfica e envergou o 'manto sagrado' por 14 brilhantes épocas, entre 1936/37 e 1949/50. Mas não foi só no futebol que Guilherme revelou aptidão desportiva, destacou-se também no atletismo e mais tarde no ténis.
Guilherme foi muito acarinhado na sua época, recebia cartas de admiradores de vários sítios do país, que carinhosamente guardou numa caixa, com a etiqueta manuscrita onde se lia 'admiradores'.
Foram dezenas de cartas e postais que recebeu entre 1939 e 1996, enviados por fãs de vários pontos do país e ilhas. As pessoas escreviam a dizer o quanto admiravam a sua carreira o seu desempenho no Clube, e no final pediam autógrafos em fotos de rosto ou corpo inteiro com o equipamento do 'Glorioso' vestido. Pequenas anotações a lápis com a letra do jogador levam-nos a acreditar que a maioria das cartas teve resposta, um pequeno gesto que significava tanto para quem esperava por uma resposta.
Guilherme também guardou com zelo uma carta redigida a 8 de Julho de 1938 pela Direcção do Benfica e endereçada à sua mãe, Maria Santana. Nesta missiva, o Clube responde à possível saída do atleta para a Académica de Coimbra, apelando para que Guilherme não saísse de Lisboa nem do Benfica, referindo o valor e a honra em ter o atleta na equipa e enaltecendo os prémios que tinha recebido, abrindo ainda a porta ao irmão, Renato, no Clube.
A 24 de Maio de 2018, o seu filho Luís Espírito Santo entregou ao Centro de Documentação e Informação do Sport Lisboa e Benfica o acervo singular do seu pai, resultante da sua actividade no clube, rico em fotografias, correspondência, diplomas, recortes da imprensa, cartões de sócio, taças, medalhas e galhardetes. A colecção de cartas é apenas uma parte do seu vasto acervo, mas muito valiosa para conhecermos o quanto Guilherme era acarinhado pelos seus admiradores, pelo seu Clube e pela sua família.
O 'Pérola Negra', como era conhecido, faleceu aos 93 anos no dia 25 de Novembro de 2012.
Pode ficar a saber mais sobre este sensacional jogador na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."

Cláudia Paiva, in O Benfica

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