"É muito raro vê-lo, ou ouvi-lo, a dar entrevistas, mas o rabo de cavalo de ouro compareceu no Festival dello Sport, em Trento, Itália, e acabou a chorar em palco. Roberto Baggio recordou as lesões sofridas ainda na adolescência, a troca da Fiorentina pela Juventus, aquele penálti contra o Brasil que ainda lhe vem à cabeça antes de adormecer e a não chamada para o Mundial de 2002
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"Quando era miúdo, costumava jogar com uma bola de ténis, com a qual partia tantas janelas... O que os miúdos estão a perder hoje em dia é a alegria de jogar futebol em qualquer sítio, até na rua. O mais importante na carreira de um jogador é a humildade. Assim, não terá medo das derrotas, porque já sabes como voltar a erguer-te na vida."
"Sempre senti o afecto dos adeptos ao colocar-me no seu papel. Sei o que significa um dia conhecer o teu ídolo, por isso tenho noção do quão importante é dedicares algum tempo aos teus fãs. Joguei futebol com o desejo de transmitir alegria às outras pessoas."
O Início de Carreira, a Fiorentina, a Mudança Para Juventus e a Revolta dos Adeptos
"Foi um sonho vestir a camisola do Vicenza [nasceu perto da cidade]. Cheguei à Fiorentina [em 1985] depois de uma lesão grande no joelho. Não joguei durante dois anos e, ao terceiro, ainda não estava totalmente recuperado. As lesões eram um pesadelo. No dia seguinte à minha primeira operação ao joelho pedi à minha mãe para me matar."
"Quando jogava bem, sentia que estava em dívida para com os adeptos que esperaram por mim. Criei uma ligação profunda com os adeptos da Fiorentina e tentei muito ficar nos Viola, mas tudo foi decidido por mim. Só queria que tivessem sido mais transparentes."
"Houve três dias de caos, os adeptos não aceitaram a situação [em 1990, Baggio foi transferido para a Juventus] e senti-me culpado por ser a causa de tudo, mesmo que fosse a última pessoa a quem culpar. Sempre disse a verdade, mas o que realmente aconteceu só foi revelado passados 20 anos".
O Fim da Carreira no Brescia e os Desentendimentos com Treinadores
"Estava à procura de um clube mais perto de casa, após treinar três meses sozinho. Estava à espera do telefonema do Vicenza, mas o clube não parecia resolver a situação. Uma noite, o meu telefone tocou e era o Carlo Mazzone [treinador do Brescia] a querer falar comigo. Foi aí que o conto de fadas nasceu. Ele não queria confusões, era um homem sábio."
"As pessoas amavam-me e, quando não jogava, protestavam, o que dificultava a situação para os treinadores. Tinha uma boa relação com o Arrigo Sacchi [no AC Milan, antes de coincidirem na selecção italiana], antes de as coisas começarem a piorar."
Aquele Penálti Contra o Brasil
"Nunca rematei um penálti por cima da barra, foi só aquela vez. Não era o último penálti, mas foi o golpe de misericórdia. Esse momento ainda me vem muitas vezes à cabeça, antes de adormecer. Em criança, sonhava em jogar a final de um Mundial entre Itália e Brasil. A única coisa que não imaginava era acabar por falhar um penálti."
"Daria tudo para compensar o Mundial de 1994. Tinha esperança em 2002, mas fui deixado de fora. Posso parecer arrogante, mas acho que merecia ter sido convocado [Baggio tinha 37 anos] para esse Mundial, mesmo que houvesse algumas dúvidas em relação ao meu físico."
"Merecia ter lá estado e o futebol devia-me isso. Talvez tenha sido essa a razão pela qual me afastei do desporto"."
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