"João Félix era, há um ano, uma promessa do SL Benfica. Hoje, é uma certeza do futebol mundial! Nada ingénuos, os ditos “gigantes” europeus tomaram consciência de tal e um punhado deles está, pelas informações veiculadas por meios de comunicação social portugueses e internacionais, disposto a avançar para a contratação do jovem avançado. Ou, pelo menos, tentar.
E tentar, por si só, já não será fácil. Luís Filipe Vieira, presidente dos encarnados, aparenta tomar uma posição de intransigência: João Félix só sai pelo valor da cláusula, ou seja, 120 milhões de euros. Um número assustador, mas comportável para clubes como Real Madrid FC, Atlético Madrid, Manchester City FC, Manchester United FC ou Juventus FC. Porquê estes exemplos? Porque são estes os clubes com quem a comunicação social mais tem casado – e divorciado, diga-se – João Félix. Ao que tudo indica, é o Atlético de Madrid que segue na linha da frente, estando a confirmação oficial iminente.
Ainda assim, e pese embora o poderio financeiro dos referidos clubes (Real Madrid e Manchester United são dois dos três clubes mais ricos do mundo), estes demonstram alguma reticência em colocar tão avolumado valor na mesa de Luís Filipe Vieira, tentando baixar a fasquia definida pelo líder benfiquista. Perguntam-se ainda, calculo eu, se João Félix valerá 120 milhões de euros. Vale?
O mercado é subjectivo e, por vezes, especulativo. Como tal, é difícil afirmar, convictamente, que Félix vale esse dinheiro (seria a terceira maior venda do futebol mundial – em termos apenas e só numéricos). Seria caro? Talvez, mas o que é bom é caro e João Félix é bom (isso, sim, é claro e objectivo). Na sua primeira época como sénior e com 18/19 anos, apontou 20 golos (15 no campeonato, que ajudou a conquistar) e deu 11 aos companheiros. Participou, de forma directa, em 31 golos, num total de 43 jogos.
Números que valem por eles mesmos, mas que são ainda mais reveladores da qualidade do viseense quando comparados com os de Cristiano Ronaldo (um dos maiores expoentes do futebol português), que completou a primeira época de sénior com menos um ano de idade, onde marcar golos não era a sua função primordial no Sporting. Como tal, a comparação vale o que vale. Mas vale!
Na sua primeira época, o futebolista da Juventus (então jogador do Sporting CP) apontou cinco golos. Para chegar aos 20, Ronaldo precisou de três temporadas (duas ao serviço do Manchester United FC). E só na sua quinta temporada enquanto sénior alcançou a marca dos 20 golos numa época (23 golos ao serviço dos ingleses em 2006/07).
Os golos deixam transparecer algumas das características de João Félix: capacidade de finalização (dentro ou fora da área, com os pés ou com a cabeça, com ou sem pressão do adversário, de primeira ou com recepção, à primeira ou na recarga), frieza, posicionamento dentro da área e movimentações na procura da bola ou do espaço em que esta vai cair que o fazem parecer cinco anos mais experiente. As assistências revelam outras: noção do posicionamento e da movimentação dos colegas, excelência no passe (curto e longo) e leitura de jogo. No entanto, João Félix destaca-se (da grande maioria dos futebolistas mundiais) pela capacidade de decisão.
O internacional português decide bem no momento do último passe (se este for endereçado a Seferovic talvez não seja o último – sim, é uma crítica à esporádica falta de capacidade para finalizar uma jogada do internacional suíço) e da finalização. Decide bem quando acelerar ou abrandar o jogo (ainda que, à semelhança de Messi e Bernardo Silva, o jogo aparente abrandar quando a bola chega aos seus pés – mas, com uma decisão, Félix salta vários passos no processo ofensivo e a jogada decorre num ápice). Decide bem que espaços ocupar e que terrenos pisar.
Os benfiquistas esperam agora que o prodígio formado no Caixa Futebol Campus decida bem o seu futuro. E a verdade é que, pelas informações veiculadas e depois de 13 golos com o pé direito, quatro com o pé esquerdo e três com a cabeça, é (curiosamente) nas mãos de João Félix que está a decisão do seu futuro. Talvez a mais importante da sua carreira.
De um lado, a adoração dos adeptos, a continuidade num projecto que já conhece e do qual é parte vital, a possibilidade de crescer com a menor pressão possível e com uma estrutura que acredita nas suas capacidades imediatas e a grande probabilidade de ser “a” estrela da equipa. Do outro, o dinheiro, a maior probabilidade de alcançar a fama e a glória europeias (do ponto de vista colectivo), um campeonato melhor e de maior visibilidade e a possibilidade de partilhar o balneário com ídolos e craques (Eden Hazard, Bernardo Silva ou… Cristiano Ronaldo).
Sair após uma época não resultou para Renato Sanches. Mas resultou para Cristiano Ronaldo. Não há uma fórmula correta e universal. Terá que ser João Félix a decidir se sai ou não sai. E essa… é “a” questão."
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