"Mais uma cena penosa no já longo episódio da escolha do Catar para sede do próximo Campeonato do Mundo, com a detenção de Michel Platini por suspeitas de corrupção na surpreendente viragem num voto que se anunciava a favor dos Estados Unidos e que acabou por recair num país árabe especialmente conhecido no futebol por ter comprado o PSG e ter relações perigosas com o futebol e a política francesas.
Assim, a suspeição da escolha seria sempre obrigatória e nem sequer precisava de se lhe juntar a estranheza de um pagamento de 1,8 milhões de euros por consultoria prestada pelo, então, presidente da UEFA à FIFA.
Ninguém duvidava de que o Catar tem dinheiro para organizar vários campeonatos do mundo de futebol e que seria capaz de construir, em tempo útil, dezenas de estádios. A questão, porém, nunca poderia ser tão explicitamente financeira. Um Campeonato do Mundo de futebol é, hoje, uma imensa festa universal, um acontecimento global, capaz de reunir gente de todos os cantos do mundo, um palco privilegiado para a reunião de povos, de todos os credos, de todas as raças, de todas as culturas. O Catar é, obviamente, limitativo dessa festa universal. Falta-lhe condições óbvias, a começar essencial dos direitos humanos, desde a igualdade do género à tolerância religiosa. E se quisermos abordar a questão da universalidade do futebol e do facto dos Estados Unidos já terem organizado a prova, então pensemos que a proposta da Austrália poderia ser mais conveniente. A verdade é que entre todas as razões que poderiam levar-nos a compreender a escolha do Catar, nenhuma será benigna."
Vítor Serpa, in A Bola
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