"Claro que não se podia jogar sempre com resultados daqueles. Não se pode, mesmo. Seria implausível, e dir-se-ia que é impossível manter uniformemente um registo como o que se viu na inesquecível tarde do último domingo. Sessões como a que vivemos, com a 'conjunção estelar' mencionada por Bruno Lage, são raríssimas pelas circunstâncias - embora algumas delas sendo relativamente previsíveis - mas tornadas ainda mais exóticas por exibições absolutamente fora do comum e pelos números atingidos (literalmente) no final do jogo.
Na verdade, era pressentível que os benfiquistas se unissem, com o afectuoso desvelo de sempre, em torno de Chalana - uma das suas 'glórias' mais acarinhadas e indiscutíveis, na impressionante história de casos humanos do Benfica. O facto de o nosso querido Fernando Chalanix comemorar o seu 60-º aniversário quando passa por uma fase menos gratificante da vida, já de si, tocava profundamente o coração dos benfiquistas.
Entretanto, também talvez por isso, o domingo, 10 de Fevereiro, fora antecipadamente escolhido pela Direcção do Sport Lisboa e Benfica para a celebração do 'Dia das Casas', a jornada que felizmente se está a tornar numa nova e esfuziante tradição para consolidar a essência profundamente familiar e convivial com que o Grande Clube se acrescentou e se expandiu, desde os tempos primordiais de Cosme Damião.
Por outro lado - no mais decisivo patamar das circunstâncias que constituem causa e consequência das mais concorridas reuniões de adeptos em torno dos relvados de jogo - não só acrescia que, por obra e graça dos métodos implantados em escassa meia dúzia de semanas, por um jovem treinador das fileiras do Benfica, a equipa de elite está novamente (eu atrevo-me a dizer por fim!) a jogar do mais bonito e apelativo futebol das décadas mais recentes.
E, ainda, entre todos os intérpretes de um futebol fluente, esperto e concretizador, além de atletas experientes, eficazes e prestigiados, agora, finalmente, cada vez mais nos passará a ser dado reconhecer em acção na equipa principal 'meninos dos nossos', nados ou criados nos afagos do Campus do Seixal.
Por fim, a especialíssima conjuntura de estarmos a viver uma tal singularidade competitiva em que, na conjugação dos resultados disparados noutros jogos em campos de diversas latitudes, um jogador, uma jogada, um livre, um fora de jogo, um penálti, ou um só golo, nos podem levar ao topo da classificação...
Que mais se podia esperar, num domingo assim, do que uma festa das antigas?...
Foi o que aconteceu. Evidentemente. E só podia acontecer aquilo que se viu: a absoluta galvanização de todos os anéis da Catedral em torno dos atletas e a impressiva resposta convicta - um poderoso grito de alma! - dos jogadores para as bancadas, numa das mais exuberantes afirmações vivas de benfiquismo que tivemos a sorte de partilhar.
E agora? Pode passar a ser sempre assim, nos próximos jogos? Pode. Pode, sim senhor! E tanto pode acontecer dentro como fora da nossa Catedral...Afinal, o futebol é mesmo imprevisível.
Provavelmente, não será (como não foi, durante cinquenta anos) com mais cabazadas. Isso é, de resto, o que menos interessa. Para ganhar os três pontos de cada vez, basta que - como acontecera em cada um de nós, no passado domingo... - antes de o desafio começar, todos sintamos sempre o maior e mais prudente respeito pelo nosso adversário. Isto é, de facto, 'treino a treino. Jogo a jogo'."
José Nuno Martins, in O Benfica
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