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quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Liga das Nações

"Críticas que não entendo! Estupendos espectáculos, não joguinhos particulares. Federação e clubes... Sub-21: lição! E a diferença entre habilidade e... técnica

Bem-vinda Liga das Nações. Exactamente assim: bem-vinda! Antes do arranque desta nova competição lançada pela UEFA, e mesmo agora com Portugal entre os 4 finalistas e organizador dessa final four, li e ouvi veementes críticas ao disparate de mais uma prova. Não as entendo.
Primeiro: não há sobrecarga de jogos; toda a fase de grupos decorreu nas datas sempre calendarizadas por FIFA e UEFA para jogos de preparação das selecções.
Segundo: tão óbvio que substituir jogos particulares - amiúde, chachada - por competição a doer é muitsíssimo mais interessante/estimulante para adeptos, jogadores, treinadores, comunicação social! Quem viu Espanha - Inglaterra (2-3), Croácia - Espanha (3-2), Suíça - Bélgica (5-2), Inglaterra - Cróacia (2-1), Alemanha - Holanda (2-2), como exemplos, viu estupendos espectáculos! Todos com ganas de vencer.
E os clubes que mais jogadores dão às selecções também beneficiam: o tempo em que ficam sem eles é o mesmo; e da Liga das Nações advêm notórias mais-valias financeiras (sim, o futebol também é negócio), parte das quais são repartidas pelos clubes.
A nossa Federação está rica? E, se estiver, é mau?! Os seus encaixes financeiros são fruto de excelente trabalho rumo a consecutivas fases finais de Mundiais e Europeus - com pouquíssimos jogadores ainda nos nossos clubes...; nos últimos 25 convocados, apenas 6: Pizzi, Rúben Dias e Rafa (Benfica), Danilo (FC Porto), Bruno Fernandes (Sporting), Cláudio Ramos (Tondela). Todos os outros já proporcionaram enormes receitas... a clubes. Acresce: a Cidade do Futebol - para as selecções de todos os escalões, desportiva e administrativamente - não foi novo-riquismo, sim obra fundamental (sem um cêntimo do Estado); e a FPF é responsável, de lés a lés do país, por todo o futebol não profissional...; e paga o VAR no profissionalismo.
Já agora: FPF está na raiz desta nova prova. Porque o seu líder, Fernando Gomes, é vice-presidente da UEFA; e, sobretudo, porque o seu director-geral, Tiago Craveiro, vice-presidente do Comité de Competições de Selecções da UEFA, é mesmo, o pai da Liga das Nações - ideia que apresentou há 4 anos (na presidência de Platini) e pela qual se bateu até ter êxito.
Para já, competição com sucesso. Dúvidas sobre o próximo ano.. Porque dois ilustres, Alemanha (penúltima campeã mundial) e Croácia (actual vice-campeã do mundo), foram despromovidos à Liga B. Entre tantos de pura elite (só Islândia e Polónia estavam a mais), alguém teria de cair. Vão entrar Suécia, Dinamarca, Bósnia e Ucrânia.
Em Junho, Guimarães e Porto palcos europeus, Portugal, Inglaterra, Suíça e Holanda (França, campeã mundial, e Bélgica falharam por um triz...) irão discutir dirimir conquista da 1.ª Liga das Nações. Excelente aperitivo para imediato arranque de qualificação rumo ao Europeu. Magnífico o já firme hábito de Portugal, campeão da Europa, estar na alta-roda.

Sub-21, que decepção! E, oxalá, que lição! Meninos esqueceram-se que a prova de talento é feita, ou falhada, nos jogos, sobretudo nos decisivos. Atirados para play-off por fracassos face a Bósnia e Roménia, foram ganhar à Polónia, estavam quase no Europeu - aí podendo qualificar-se para os Jogos Olímpicos - e, absurdo!, ficarão em casa, levando 1-3 em Chaves! Sem espinhas, face a polacos com ganas, muito superior capacidade atlética e eficácia. Há décadas digo haver substancial diferença entre habilidade e qualidade técnica. Habilidade exprime-se com 2 ou 3 dribles. Qualidade técnica é não falhar, consecutivamente, passes a curta distância; é fazer, por regra, bons cruzamentos; é saber concluir oportunidades de golo (i o imenso rol de azares nos remates que saíram tortos!); e é, cada vez mais importante, ter boa técnica de cabeceamento (outra raridade nos nossos jogadores). E, claro, há isso de mentalidade, decisiva!
Eis verdades também para os já crescidos, portugueses ou estrangeiros, nas nossas melhores equipas. Que tão frequentemente se queixam de ter falhado um nadinha assim... (alta competição, exige firme qualidade técnica + forte mentalidade/concentração + velocidade e vigor atlético = eficácia).
Oxalá frustração dos sub-21 lhes sirva de lição para excelente carreira que vários deles prometem ter... se aprenderem os motivos deste tremendo falhanço.
Ah!, porquê as nossas escolas de futebol não conseguem formar bons pontas de lança? Há largos anos não sai um, para além de André Silva. Eis um tema que muitíssimo justificam debate e, sobretudo, profunda análise."

Santos Neves, in A Bola

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