"Luisão pendurou as botas. O peso dos anos e a implacável concorrência acabaram por ditar o fim de uma carreira que fica gravada a letras de ouro na história do Benfica. Desde a fundação, em 1904, só um jogador vestiu mais vezes a camisola do clube da Luz que Luisão, o eterno, incontornável e irrepetível Nené. Mas o que torna mais especial ainda o percurso do Girafa em Portugal é o facto de ter permanecido na Luz num contexto de liberdade contratual, ao contrário dos seus antecessores até 1974, no âmbito nacional, a 1995, no plano internacional, que estavam limitados pela famigerada lei da opção. É certo que por vezes fez um braço de ferro com Luís Filipe Vieira, mais no género de agarrem-me senão vou-me embora do que propriamente baseado numa vontade firme de partir. No fim das contas, são 15 anos de ligação ininterrupta, 538 jogos disputados (127 dos quais na UEFA, mais 50 do que o segundo dessa lista, Veloso) e seis títulos nacionais, num palmarés sem rival nas últimas três décadas da vida benfiquista. Nos dias que correm, casos de permanência alargada num clube português de topo, como o de Luisão, são cada vez mais improváveis. Quando se vislumbra um jovem de grande potencial, vindo da formação, a pergunta que se faz não é se vai sair, mas sim quando sairá. Mas que ninguém duvide que jogadores como Luisão, com estatuto, autoridade e muitos anos de casa, são fundamentais para unir as equipas e fazer crescer os mais jovens. São âncoras inestimáveis que impedem que as naus naveguem à deriva. Luisão vai continuar, noutras funções, na Luz. O Benfica sabe que os clubes que não respeitam o passado não têm futuro."
José Manuel Delgado, in A Bola
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!