"Por causa do drama de Wasilewski teve polícia à porta (e não só); O Benfica, os milhões da China e os aviões
1. Filho de um imigrante de Martinica, nas Caraíbas, nasceu no Valónia a 12 de Janeiro de 1989. Aos quatro anos já andava no RRC, clube de Vottem, cidadezinha onde vivia. A escola fê-la em Herstal, com compincha também bom de bola, o Medhi Carcela.
2. Do RRC Votten, saltou para o RCS Vise. Uma vez, ao passar, pela mão do pai, à beira do Stade de Sclessin, disse-lhe, empolgado: «O que mais quero na vida é jogar ali dentro». O destino não tardou a fazer-lhe a vontade: acabara de fazer 10 anos quando o clube que já jogava o chamou para a sua equipa de infantis.
3. Como o pai era de Martinica tinha passaporte francês - pensou-se que o seu futuro talvez fosse ele jogar pela França. Zidane era o seu ídolo, também adorava Anelka.
4. Aos 16 anos, o Sandard deu-lhe o primeiro contrato profissional. Real, Arsenal e Feyenoord tinham pensado contratá-lo, ele achou que era cedo de mais para o salto. Preud'Homme abriu-lhe caminho para a equipa principal, foi campeão. Os golos que marcava, festejava-os à Anelka, a simular o voo de um colibri. Gerets pediu que lho pusessem no plantel do Marselha - o dinheiro pedido pelo passe, afastou-o de lá. E pelo caminho se soube que Manchester United, Manchester City, Inter, Arsenal e Chelsea o tentaram também, igualmente em vão.
5. Preud'Homme deixou Liège - e para o seu lugar foi Lazlo Boloni. O Everton foi lá buscar Fellaini - e, ele, que em 2008 ganhara a Bola de Ouro para Melhor Jogador Belga, foi ainda mais estrela do que já tinha. A Tifo Boys, claque do clube, começou a falar das Lendas de Scessin, uma das lendas era Defour, a outra era ele...
6. DJ continuou a ser com o hobby. O Standard de Boloni e Rolão Preto, em que também jogavam Mangala e Carcela, foi eliminado da Liga Europa 2008/2009 pela SC Braga de Jorge Jesus - e no campeonato desse ano, que o Standard voltou a ganhar, saiu-lhe um drama dos pés.
7. O drama que lhe saiu dos pés foi conta Anderlecht - ao entrar, com rispidez, a lance com Wasilewski fracturou-lhe tíbia e perónio. O incidente provocou escaramuças dentro e fora de campo, - e ao longo da viagem de Bruxelas para Liège o autocarro do Standard teve de ser escoltado por 20 carros de polícia. Não foi só: apesar das desculpas pedidas a Wasilewski, da visita que lhe fez ao hospital, recebeu ameaças de morte - de adeptos do Anderlecht e de fanáticos polacos. A polícia teve de lhe pôr guarda à porta de casa durante semanas. Para prestar declarações em inquérito aberto pela federação, 20 gendarmes foram destacados para lhe fazer guarda. Começaram por aplicar-lhe castigo de 11 jogos e multa de 2500 euros, acabaram por comutar-lhe a pena para 8 jogos, considerando que ele sempre afirmara (sem disfarçar emoção a retorcê-lo): que o que sucedeu a Wasilewski fora infeliz causalidade.
8. Em Julho de 2011 o Benfica deu por ele 8 milhões de euros. Na selecção era o que Marc Wilmots dissera: «O meu professor dentro do campo». E ao chegar à Luz, António Simões, o magriço, puxou mais lustro ao elogio: «Faz-me lembrar Jaime Graça que era o tipo de jogador que hoje se diz que é moderno: um médio que atacava e defendia e que nos últimos 20 anos foi desaparecendo». Por ser mesmo assim não fez do Benfica campeão, mas encheu-lhe os cofres - um ano depois foi vendido ao Zenit por 40 milhões de euros.
9. Deixou a Juventus de beiço caído, mas quando todos esperavam que para lá fosse, preferiu o Tianjin Quanjin de Fábio Cannavaro - colhendo só em salários 16 milhões de euros por ano. (A Juve ofereceura-lhe 4,5 milhões, 3 milhões era o que o Zenit lhe pagava). Correu a investir na compra de parte da LindSky, empresa de aviação: «Tenho intenção de a gerir, quando largar o futebol. Já estou a estudar para piloto - e seu piloto quero ser também».
10. Já na Rússia recordou a Luz no seu caminho: «Evolui muito graças ao Benfica, foi importante para chegar onde cheguei». E aventou adeus ao Quanjin: «A liga chinesa não é tão competitiva como na Europa.Tenho de fazer exercícios extra, após os treinos, para compensar a falta de intensidade. Sim, é possível que saia já de lá, tudo depende do que acontecer neste Mundial»."
António Simões, in A Bola
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