"A influência do brasileiro e do maliano na forma de jogar de Benfica e FC Porto
Jonas e Marega. Dúvidas no ataque ao Clássico, incerteza na forma como Benfica e FC Porto vão abordar o jogo que pode decidir a Liga, sobretudo no plano ofensivo, dada a especificidade dos nomes referidos.
Rui Vitória tem Raúl Jiménez, que na ronda anterior até mostrou que é mais do que uma «arma secreta», mas nem o «bis» no Bonfim escondeu a dificuldade que o Benfica sentiu para adaptar-se a outra referência ofensiva (e vice-versa).
O mexicano é incansável, positivamente agressivo na forma como luta pela bola e como pressiona, forte no jogo aéreo e a atacar a profundidade, frio na finalização. Mas menos competente nas combinações, a ligar o jogo, a interpretar aquilo que o rodeia.
Embora seja mais «mexido», Raúl Jiménez não deixa de ser um 9, daqueles «chatos», que impõem a sua presença. E Jonas, mais «interpretativo», decide sem aparato. É dois em um, 9 e 10 ao mesmo tempo. É caso para dizer que Jiménez faz com que o Benfica seja 60 por cento vertigem e 40 por cento de cérebro, e com Jonas a percentagem é inversa.
No FC Porto a dúvida é semelhante, com a diferença de que a equipa parece mais forte quando a dose de vertigem é maioritária. E isso é dado por Marega.
O maliano compensa as limitações técnicas com uma verticalidade que Sérgio Conceição soube aproveitar. As diagonais para o corredor direito já eram imagem de marca no Marítimo, mas o técnico portista encaixou-as inteligentemente na sua ideia de jogo.
E se Aboubakar ou Tiquinho Soares são mais fortes em zonas interiores, a jogar de costas ou na luta com os centrais, Marega desequilibra pela forma como ataca o espaço, como aparece nas costas do lateral esquerdo. E tendo em conta as características de Grimaldo, isso seria um trunfo importante para o FC Porto na Luz. Sobretudo se Conceição mantiver a aposta em Otávio como falso ala direito e conte com este para ajudar Herrera e Sérgio Oliveira na zona central, onde o Benfica terá Fejsa, Pizzi e Zivkovic.
A ausência de Marega dá ao Benfica a possibilidade de subir um pouco a sua linha defensiva, concedendo um espaço nas costas que Aboubakar e Soares têm mais dificuldade do que o maliano a explorar. O FC Porto teria de trocar alguma vertigem por uma abordagem mais ponderada, mas já mostrou esta época que essa não é a sua melhor faceta. Mesmo no plano defensivo a presença de Marega é importante, pela agressividade que coloca na primeira linha de pressão.
Sérgio Conceição decidiu atacar o título com um dragão impulsivo, de vertigem, a chegar rápido à frente e a querer recuperar a bola o quanto antes. Sem Marega a chama é um pouco menor."
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