"Custa crer a constância e a insistência com que as actuais instâncias judiciais estão a fazer incidir sistematicamente sobre o Sport Lisboa e Benfica, tantas e tão sucessivas operações, cujos âmbitos e oportunidades, em todo o caso, lhes são conferidos pela Lei e que, na defesa de bem comum, ninguém pode pôr em causa.
Mas o que, mesmo no presente ambiente judicial - muito diferente do que acontecia há quinze ou vinte anos - não deixa de ser perturbante e ainda mais significativo é o permanente e entusiástico suporte comunicacional que essas operações dos agentes legais sempre têm obtido, de modo reiterado e prioritário, junto dos mesmos órgãos de informação e dos mesmos grupos de comunicação, sejam estes prestigiados por décadas e décadas de jornalismo conceptual, ou sejam eles os que, nestes últimos tempos, temos visto habitualmente manchados pelas mais acabadas ausências de escrúpulos, no que respeita aos procedimentos de investigação jornalística que utilizam, para transmitir publicamente acções de toda a natureza e feitio.
Todavia, a propósito da primeira asserção, não posso deixar de assinalar que este extraordinário afã judiciário de sentido e alvo únicos tem ocorrido num tempo em que o Clube de maior dimensão em Portugal dispõe, designadamente no futebol, do mais marcante registo acumulado de títulos desportivos e que este facto concreto - composto de registos aritméticos e classificativos inequívocos -, só por si, estava a deixar perigosamente em risco a própria sobrevivência institucional dos outros dois concorrentes mais próximos... Já quanto à segunda constatação que enunciei, não evitarei sinalizar a inacreditável promiscuidade de hoje, entre entidades oficiais de investigação e da soberana Justiça e aqueles canais de comunicação que, em vez de informarem com serenidade, preferem bolçar com estrépito incontido; em vez de noticiarem meros factos, logo vomitam apressadas conclusões e decisões sem fundamento, toldando sistematicamente a Verdade com interpretações levianas e hipóteses fantasiosas que visam o Benfica como um desígnio absoluto. Tudo o que está a acontecer torna plausíveis algumas interrogações que aqui deixo.
A quem aproveita o propositado desrespeito generalizado do segredo de Justiça na praça pública, por exemplo, com as vorazes câmaras e o vozeario dos repórteres, nos locais das buscas, à hora marcada para o início das operações, ou, logo a seguir, com os desbocados comentadores em estúdio? Quem beneficia deste regime de estendal? Os polícias? Os procuradores? Os juízes? As empresas de comunicação e os seus jornalistas? E afinal, quem paga e quanto se paga a uns, aos outros e ainda a outros, para criar baderna e inventar infernos em que, exclusivamente, só parece que se quer queimar o Benfica?"
José Nuno Martins, in O Benfica
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