"Uma noite solidária com hoquistas sem patins, lutadores equipados à andebolistas e atletas de futebol a jogar basquetebol.
'Os futebolistas só sabem dar pontapés na bola'. Quantas vezes de ouviu isto dos menos aficionados do desporto-rei? Pois bem, em 1955 os futebolistas do Benfica provaram que isso não podia estar mais longe da verdade.
Pouco passava da hora do jantar do dia 22 de Novembro e no Pavilhão dos Desportos já se ouvia o burburinho das pessoas a chegar. A expectativa era grande para o 1.º Festival de Solidariedade Benfiquista, evento organizado por Otto Glória e pelos jogadores da equipa de futebol, cujo objectivo era homenagear os atletas que em 1955 se distinguiram nas suas modalidades. Otto Glória esperava, também, que este fosse o 'ponto de partida para uma política clubista de aproximação atlética' e haverá melhor maneira de aproximar pessoas do que pô-las na pele do outro?
A noite começou com a entrega de troféus aos melhores de 1955. Entre os homenageados estavam: Matos Fernandes do atletismo; Edite Cruz, brilhante patinador; Oliveira Ramos de ténis de mesa; Irene Ferreira de tiro com arco, entre muitos outros. O troféu de melhor atleta foi para o presidente Joaquim Ferreira Bogalho que, perante tamanha surpresa, teve um ataque de timidez e teve que ser 'arrancado' do camarote por Caiado. Mas o melhor estava para vir!
Nas horas que se seguiram passaram pelo rinque hoquistas sem patins, lutadores equipados à andebolistas e atletas de voleibol que 'se serviram dos pés com a mesma desenvoltura com que utilizam as mãos', num jogo de futebol arbitrado por Fernando Caiado 'com bom critério e imparcialidade'. Confuso? Este quem é quem, onde todos saíram das zonas de conforto e experimentaram modalidades a que não estavam habituados, foi cabeça de cartaz do festival e a cereja no topo do bolo foi o jogo de basquetebol entre futebolistas e andebolistas. Venceram os primeiros por 16-5 e o MVP foi... bom, na verdade foram vários os que se destacaram. Costa Pereira, que estava como um peixe na água, mas também Pegado, Bastos e José Águas, que mostrou ser um competente 'encestador', até mordia a língua quando ficava frente a frente como cesto. Já Calado esteve empenhadíssimo a tentar fintar os adversários, mas a maioria das fintas acabaram em... fífias.
Para conhecer melhor as diversas modalidades visite a área 3 - Orgulho Ecléctico, do Museu Benfica - Cosme Damião."
Marisa Furtado, in O Benfica
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