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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Duas faces da mesma moeda

"O desporto e a cultura, aparentemente inconciliáveis, são na realidade inseparáveis.

O Benfica clube 'desportivo, por essência, ele tem, também, um objectivo social de que não pode nem deve alhear-se'. Foi com este pensamento em mente que, a 14 de Novembro de 1955, foi criada a Secção Cultural do Benfica, sendo a 'primeira expressão formal nas grandes sociedades desportivas da nossa terra'. O clube colocava-se, 'mais uma vez, na vanguarda das grandes iniciativas'.
O 'popularissímo clube da camisola encarnada' tinha como objectivo 'mostrar que nem só de futebol vive o homem, que o desporto e a cultura não são incompatíveis, antes se abraçam e são indispensáveis um ao outro: mente sã em corpo são'. Contudo, os dirigentes do Benfica tinham a noção de que esta iniciativa iria provocar incompreensão, e que parecia estarem já a ouvir 'nesta terra de humoristas e fazedores de anedotas, as piadas do café, supondo os eternos 'comentadores' que os nossos atletas vão passar a tratar os adversários por V. Ex.ª'.
Apesar da 'noção das dificuldades que por vezes nasçam à sua volta, das incompreensões de muitos e, até, da animosidade de alguns', o Benfica e aqueles que iriam trabalhar nas actividades culturais, 'a elite mental de fora e de dentro do Clube', não esmoreceram os seus intentos e começaram logo a pôr as mãos à obra.
Era assim 'muito menina e ainda muito moça a Secção Cultural' quando, nem um mês passado foi publicado pela primeira vez o suplemento Cultura e Desporto do jornal O Benfica, a 8 de Dezembro de 1955.
Este suplemento, de quatro páginas, era vendido integrado no jornal O Benfica, sem aumento do preço deste periódico, e desejava-se que a sua publicação de realizasse a 'intervalos regulares, possivelmente mensais', mas sem se 'afirmar que se cumpra, esse desejo de regularidade'. O desafio consista em se adaptar à 'heterogeneidade de formação cultural dos muitos leitores do jornal' sem cair na 'índole popularizante, sob pretexto de se tornar mais acessível' nem 'atingir um academismo ridículo'.
Através destas páginas, os leitores tiveram acesso a grandes nomes das várias manifestações culturais (das ciências, arte e letras), nacionais e internacionais, até à sua última edição, a 24 de Agosto de 1971.
Pode ficar a saber mais sobre este órgão de comunicação na exposição temporária Jornal O Benfica - 75 Anos de Missão, em exibição no Museu Benfica - Cosme Damião."

Lídia Jorge, in O Benfica

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