"Luisão chegou ao Benfica numa época em que os jogadores se equipavam numa garagem do velho Estádio da Luz, jogavam no Estádio Nacional, treinavam-se uns dias na Cidade Universitária, outros em Massamá e por vezes no Monte da Galega, na Amadora. Pouco depois de se integrar no novo plantel, teve uma lesão muscular grave motivada por uma cárie. Simultaneamente, via o grande FC Porto de Mourinho assumir-se como uma potência europeia, vencendo uma Taça UEFA e uma Liga dos Campeões. O Benfica era uma testemunha ocular da hegemonia dos dragões em Portugal.
Pensar nesse Luisão e no de agora não é apenas uma viagem no tempo. É identificar um jogador que assistiu de perto à profunda transformação de um clube. Se em 2003 corria o risco de tropeçar num fio às escuras ao sair do balneário em direcção ao parque de estacionamento, hoje tem à volta dele uma enorme equipa multidisciplinar, é tricampeão, aspira ao inédito tetra e tem nova palavra a dizer na Champions.
A cerimónia que ontem se realizou no camarote presidencial pela ocasião dos 500 jogos do capitão das águias foi a de um emblema que atingiu há muito a maioridade, com todos os momentos e elementos pensados ao pormenor. Da luz certa ao verbo, dos abraços ao improviso e até da abertura saudável à imprensa, tantas vezes submetida ao papel de figurantes em ocasiões do género.
É correta a decisão de Luís Filipe Vieira em renovar com Luisão. Não só pelo que o defesa fez em 14 anos (mesmo descontando as vezes em que quis sair, e não foram poucas) mas porque o brasileiro é a prova viva de que com pouco se pode fazer muito. Porque apesar de não ser um Humberto, soube ser Coluna. Uma equipa que ainda sonha com a utopia (Liga dos Campeões) precisa de um líder assim."
Fernando Urbano, in A Bola
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