"I. Não ignoro haver quem julgue que os filósofos são pessoas que procuram soluções para problemas que não existem. Como também há quem pense que existem problemas sem solução. Pessoalmente, prefiro acreditar que todos os problemas comportam uma solução, embora por vezes aqueles possam ser preferíveis a esta. Aliás, foi precisamente um filósofo quem inventou um processo para ensaiar a demonstração probatória da existência de verdades absolutas. Chama-se dúvida metódica. Ou método cartesiano. Mas não foi este quem ouviu dos habitantes de um ilha perdida a garantia de que por lá não havia canibais pois tinham comido o último.
II. Muita gente envolta nos meios desportivos, desde dirigentes a simples adeptos, passando por atletas, independentemente da modalidade, está unida por uma pouco secreta mas quase imperceptível pertença comum. Como se fosse parte integrante de uma confraria oculta. Aquela que sempre descortina em cada erro alheio, seja ele real ou imaginário, uma suspeição. Por vezes não é claro se os seus membros apreciam mais a própria vitimização ou se preferem uma teoria de conspiração como chave universal para a explicação dos males do mundo. É verdade que até matemáticos defendem que não há nada mais prático do que uma teoria, mas continuo a pensar que, em regra, os oráculos das teorias da conspiração não são suficientemente bons para poderem ser assim tão maus.
III. O que fica dito não é exclusivo do desporto, pois o mesmo vale também para outros domínios, como a arte ou a economia. Já para não falar da política. Posto isto, talvez valha a pena voltar ao princípio dos princípios: no futebol, o mais importante é o número 121 (=11x11)."
Paulo Teixeira Pinto, in A Bola
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