"Há muito que havia indícios de corrupção no futebol português. Falava-se na questão das apostas asiáticas, falava-se em jogos combinados, falava-se em jogadores demasiado vulneráveis e que facilmente se deixariam tentar porque há muitos e muitos meses não recebiam o que estava estabelecido nos seus contratos e tinham filhos e família para sustentar.
Perante as notícias que correm pelos bastidores, as instâncias desportivas, e, em especial, as responsáveis pela organização do nosso futebol, supostamente profissional, assobiavam para o lado e proclamavam que não tinham meios suficientes para investigar e saber onde está a verdade.
Sejamos claros: a verdade é que a corrupção no futebol não pode surpreender ninguém, num país onde os fumos de corrupção atingem tão obviamente a classe política e alguma elite empresarial sem que daí surjam resultados palpáveis e exemplares.
No entanto, apesar das diferenças, num estado de direito nunca poderemos considerar haver uma corrupção aceitável por ser de gente permissível e necessitada; e outra intolerável, por se tratar de gente socialmente privilegiada, do chamado colarinho branco. Corrupção é corrupção e deve ser condenada. Para mais, no caso concreto do futebol, porque atenta contra a verdade desportiva, porque danifica a credibilidade do espectáculo, porque ataca ilegal e irregularmente os legítimos interesses de terceiros.
Questão que se levanta: até onde nos levará esta louvável investigação policial? Apenas ao que parece ser, ou a muito mais do que isso? E como se comportará, perante esta dolorosa realidade, a pálida justiça desportiva?"
Vítor Serpa, in A Bola
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