"Não me peçam para fugir ao conflito se os interesses do Benfica assim o exigirem. Contra tudo e contra todos, é uma obrigação
Podem-me acusar de muitas coisas, mas nunca de ser incoerente! Nem, por mero calculismo ou em benefício próprio, de deixar de defender aquilo em que acredito.
Nem de defender, sempre, o que julgo ser o interesse do Benfica.
Tenho total disponibilidade para travar os combates necessários pelas ideias em que acredito.
Ora, se há uma ideia (e certeza) permanente na minha vida, ela é o Sport Lisboa e Benfica, com os princípios e valores que o meu Pai me ensinou e que tento, sempre, transmitir aos meus filhos.
Há um texto, nessa perspectiva, que escrevi a 9 de Setembro de 2013 (publicado numa rede social), onde exprimi o meu pensamento - e convicção - sobre aquela que deve ser a postura de quem serve o Benfica. Nessa altura, o Benfica tinha perdido tudo na época 2012/13... para começar a época 2013/14 com uma derrota na Madeira, frente ao Marítimo, e com uma vitória em casa, frente ao Gil Vicente, por 2-1 (demos a volta ao resultado aos minutos 92' e 93').
Se não tivéssemos tido a sorte divina - porque ali já não havia cérebro que ajudasse - outra perda de pontos teria acontecido.
Importa, por isso, revisitar esse mesmo texto que, embora escrito em 2013, continua a ser totalmente actual:
«1. Sou - como sabe quem me conhece - um conciliador e um pacificador, mas não gosto que julguem que esses princípios se confundem - no meu carácter - com indiferença e abdicação.
2. Não sou dos que prefiro... 'a paz mais injusta à mais justa das guerras', especialmente quando os nossos inimigos - não confundir com adversários, porque esses jogam connosco e contra nós com as mesmas regras, sem batota, sem corromper quem decide ou sem recorrer a 'suplementos vitamínicos' que deturpam a verdade desportiva - nos provocam, em cada declaração, em cada afirmação, em cada entrevista, em cada 'graçola'...
3. Temos de nos convencer e convencer os que não fazem parte do grupo da batota - felizmente a maioria - que o deixar andar, que qualquer tentativa de conciliação com corruptos, que a busca de 'pontes de entendimento' com quem não cumpre as regras é... incompreensível, inadmissível e inaceitável!
4. Não alinho nem subscrevo a tese do ignorar pacificamente a violência verbal, ética e moral (pelo menos) de que somos alvo, do fazer de conta que nada se passa quando nos provocam de forma gratuita, quando nos tentam subjugar, de tudo ser permitido aos outros, quando - a nós - tudo nos é criticado...
5. Deixei, também, de acreditar em arrependidos que se zangam com os anteriores 'donos'... para nos enganarem mais facilmente.
6. No Benfica, sempre disse o que queria - como no caso da defesa, durante anos, da solução da exploração dos direitos televisivos pela Benfica TV - porque nunca encontrei, no clube, um espaço que não fosse de liberdade e de defesa das ideias de cada um, no respeito pelos superiores interesse do Benfica, e não deste ou daquele dirigente!
7. Teremos, então, de interiorizar que o medo e qualquer tentativa de conciliação em inferioridade (como sinónimo de submissão) apenas nos enfraquecerá, como teremos de nos convencer que os outros só entendem uma linguagem: a do olho por olho, dente por dente.
8. Que isto não seja entendido como defesa ou apologia de uma conflitualidade gratuita, mas apenas a afirmação de quem entende que chegou a hora de percebermos que a nossa grandeza - que não deve ser confundida com sobranceria - tem de ser o ponto de partida para não permitirmos que a nossa universalidade possa ser ultrapassada pela parolice bacoca de quem usa e abusa de uma esperteza saloia básica, que a nossa nobreza de carácter e o respeito pelas regras possa ser atropelado pelos que querem ganhar a todo o custo, mesmo que apenas o possam conseguir corrompendo quem... decide, seja o que for e onde for!
9. Se acreditamos na afirmação de que se queres a paz, prepara-te para a guerra, então a cada ataque teremos que responder de forma a que percebam que estamos dispostos a tudo fazer para continuarmos a ser os melhores e os maiores,... por estarmos determinados a impedir que os batoteiros continuem a ganhar com a violação das regras e com o favorecimento dos que deviam ser os principais guardiões da verdade desportiva!
10. Conflitualidade? Não!
Guerra? Nunca!
Apenas determinação na defesa do que, sendo de todos - a verdade e a honestidade - alguns teimam em pôr de lado, porque só assim conseguem ganhar.
11. Todos do mesmo lado... mesmo que pensemos de formas diferentes!
OLHO POR OLHO,
DENTE POR DENTE!
VAMOS A ISTO, BENFICA?»
Escrevi isto em 9 de Setembro de 2013... como o poderia ter escrito hoje.
Porque a defesa dos valores, dos princípios, de uma estratégia com convicção... não dependem de circunstancialismos ou da oportunidade.
E se antes a luta era essencialmente contra os que se socorriam da batota desportiva para ganhar campeonatos, há hoje outros que - do ridículo da sua agressividade, para disfarçar ou atenuar muitas fragilidades - tentam fazer-se notar pela violência verbal e pelos ataques inadmissíveis.
Continuo a defender que esses ataques devem ser ignorados, mas já não aceito que a transposição desses ataques para a área desportiva fique sem a devida resposta.
Até porque, não é verdade que o Benfica, nos últimos 6 anos, tenha ganho sem adesão a esta tese de conflitualidade...
Basta relembrar, aos que teimam em defender essa tese, a luta pela verdade no caso do Túnel da Luz, na época de 2009/10, em que fomos Campeões.
Assim, quem, de forma gratuita, nos tenta humilhar, não pode ficar, nesse plano, sem resposta.
Somos um clube plural e de liberdade. Temos, entre nós, muitas opiniões que temos de respeitar.
Respeitarei quem não concorda comigo, mas os outros terão que respeitar, também, o que defendo. Não me peçam para fugir de um conflito se os interesses do Benfica assim o exigirem.
Não me peçam para fazer de conta que não sinto os ataques de que somos alvo, como escusam de me pedir que não responda àqueles que ultrapassam todos os limites.
E não me peçam, também, para concordar publicamente com a actuação de alguns dos meus, quando discordo das suas omissões.
Faço-o com convicção, na defesa intransigente dos interesses do Benfica, até porque ainda temos tempo de ganhar tudo este ano.
Bem sei que tem existido - como diria o poeta - «Erros Meus, Má Fortuna...».
Admito, até, que tenha existido algo mais mas um discurso motivador ( Amor Ardente...) é o primeiro passo de uma caminhada até ao 35.º título de Campeão Nacional, em 2016.
Temos de combater os que nos tentam derrubar, emocionalmente, recorrendo à mentira e à provocação.
Contra tudo e contra todos, a nossa obrigação é termos toda a disponibilidade para essas batalhas!
Que iremos ganhar!
Pelo Benfica!!"
Rui Gomes da Silva, in A Bola