Últimas indefectivações

segunda-feira, 3 de março de 2014

Senhor Mário Coluna

"1. Nasci em 1956. Dois anos antes o senhor Mário Coluna estreara-se com a camisola do Benfica. E num jogo que representava a despedida de Rogério Pipi. Mas nesta estreia jogou a avançado. Otto Glória posicionou-o no lugar devido. De comando e com comando. Em 1966 foi nomeado sócio de mérito do Benfica. E neste ano ingressei no Colégio Militar. Ontem como hoje situado mesmo em frente ao velho Estádio da Luz. Em cada domingo, fardado de castanho e com os botões a brilhar, atravessava, com orgulho, uma Segunda Circular - com bastante menos trânsito! - e assistia a todos os jogos do Benfica. Campeão nacional nesses primeiros anos da minha vigência colegial. E no meio campo, dominador e imperador, com a camisola número 10 o senhor Mário Coluna. O jogador que o senhor meu querido e saudoso pai mais admirava. Em paralelo, porventura, com José Águas, Germano, José Augusto e Eusébio. Muitos anos depois tive o privilégio de conhecer pessoalmente o senhor Mário Coluna. Percebi que se sentia um «português de corpo e alma integrais» mas que tinha a sua pátria natal, Moçambique, «no coração». As palavras que escutámos na digna cerimónia fúnebre quer do senhor presidente da República de Moçambique quer do presidente do Benfica expressaram bem esta síntese. «Coluna estará sempre connosco», afirmou, com emoção e respeito, Luís Filipe Vieira.
Estou convicto de que no conjunto das jornadas que restam desta época desportiva toda a estrutura do futebol do Benfica se recordará, em cada instante, do senhor Mário Esteves Coluna e do senhor Eusébio da Silva Ferreira. Em poucas semanas estes dois monstros e Reis deixaram-nos. De repente. Sem se despedirem. Mas como escreveu José Marti nas suas Páginas Escolhidas, «a morte é uma vitória, e quando se viveu bem o caixão é um arco de triunfo». Ambos os caixões, aqui em Lisboa e ali em Maputo, foram verdadeiros arcos de múltiplos triunfos. De força e da paixão. De arte e da vontade. De alma e do carácter. De dedicação e da genialidade. Que Deus o guarde, senhor Mário Coluna.

(...)

Fernando Seara, in A Bola

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