"Assim mesmo: em minúsculas. É por causa de gente assim que o futebol se transformou numa gigantesca cloaca que fede ao ar livre. Gente que não consegue perceber o seu lugar e tudo faz para se tornar visível e comentada. Vejam a figura cretina levada à cena por godinho: ninguém sabe quem ele é, nunca ninguém soube quem ele é, a não ser, talvez, a mãe, e de repente salta lá do seu lugar insignificante e subalterno para lançar a cabeça na direcção da cabeça do «capitão» do Benfica que procurou despachar-se num arremesso de bola. Naquele exacto momento, godinho passou a ser célebre. E todo o País percebeu a massa de que é feito. Há muito que não assistia a uma exibição tão cabal da personalidade de um indivíduo. Fiquei esclarecido quanto à qualidade da sua estrutura humana. Crêem que foi admoestado, advertido. Julgam que foi posto no seu lugar? Instado a abandonar o campo? Nunca! O Futebol português ferve de godinhos: em vez de irradiados, são premiados.
Vejam o pereira. Em tempos que lá vão era estimado, respeitado. Depois perdeu o respeito por si próprio. Mendigava bilhetes ao Madaleno, convicto de que estar por ali, à babugem, lhe traria benefícios. E trouxe. Eternizou-se como chefe dos incompetentes. O Madaleno apontou-lhe o lugar que guardara para ele: de cócoras. E aí ficou. Submisso, prestável. As suas nomeações obdecem à vontade máxima de quem o condenou ao servilismo. Ainda estranham os roubos? Surpreendem-se com apitadelas infames? Não vale a pena. São para continuar. De cócoras, dobradiço, aquele que perdeu o respeito por si próprio perdeu o respeito de toda a gente."
Afonso de Melo, in O Benfica
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