"Nas últimas semanas mais quatro expressões se acasalaram no léxico político: modelar, modular (estes dois confundindo-se amiúde na ignorância de quem os escreve), calibrar e reescalonar. Assim se juntando ao horroroso verbo (des) alavancar, ao galicismo de mau gosto, alocar e, claro, aos insuportáveis implementar (que nada significa, por tudo querer dizer) e despoletar (que significa o contrário do que se quer dizer).
Que tal unir o singular futebolês ao quase compulsivo politiquês?
Por exemplo: Jorge Jesus tenta calibrar a coluna dorsal do Benfica depois de a direcção ter sido obrigada a desalavancar a folha salarial. Vítor Pereira vai reescalonar Atsu para fazer esquecer Hulk, ainda que alocados a partes distintas do campo. E Sá Pinto esforça-se por modelar o fio de jogo apesar de o seu capital estar desalavancado por modestos resultados. Todos eles são pagos para, em módulos, modelar a época que querem suficientemente calibrada.
Já na política, evidentemente dependendo da temática, da problemática e da sistémica, há quem diga que o governo ou os partidos estão bem e recomendam-se e há governantes que, qual formiguinhas, deixam a pele no gabinete e comem a relva (no singular, entenda-se). A troika é soberana, tal qual o árbitro. Há quem diga que se governa mais (sem) coração do que com cabeça. Por isso, de vez em quando, os extremos tocam-se. Mas logo se retorquirá: não há quem baixar os braços, os protestos são normais. O receio é que queimem tempo e chutem para onde estão virados.
E é claro, nesta narrativa (como agora está na moda dizer) tudo se implementando, depois de despoletado."
Bagão Félix, in A Bola
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