"A questão dos erros de arbitragem no futebol não pode ser vista, apenas, como uma questão de inevitabilidade do erro humano. O futebol move multidões de pessoas e de interesses e não pode permitir-se a ser uma indústria de má fama. Precisa por isso que o sector da arbitragem, que é decisivo na qualidade e na credibilidade do jogo, não se limite a ser sério, mas também o pareça ser.
Não pretendemos entrar, aqui e agora, na discussão particular do jogo de Coimbra e da arbitragem de Xistra. O que se procura é chamar a atenção, com a veemência que a situação actual exige, para a necessidade dos responsáveis federativos passarem a ter, de uma vez por todas, a lucidez e a sensibilidade de admitir que o mundo dos árbitros não pode continuar a ser um mundo de sombras e de silhuetas difusas, protegido por uma quixotesca guarda pretoriana que desata a espadeirar contra tudo e contra todos os que se atrevem a proclamar a necessidade de uma mudança efectiva, que responsabilize quem erra de forma grosseira e que torne transparente aos olhos dos adeptos de futebol - a verdadeira e única razão de existência do jogo - o enevoado sistema que analisa, classifica e valoriza a prestação dos homens que no centro do terreno ou nas linhas laterais dirigem o jogo.
Ninguém, até prova em contrário, deve pôr em causa a seriedade dos árbitros, mas também ninguém tem o direito de pôr em causa a seriedade do futebol. É preciso ser pragmático e perceber, sem escândalo, que as tentações são muitas e as pressões ainda maiores. A convicção de que todos os árbitros são homens preparados para resistir a tudo é generosa, mas não é suficiente. Há que garantir, pois, que o sistema de controlo seja eficaz e reconhecimento honesto."
Vítor Serpa, in A Bola
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