"O Europeu terminou e a prestação portuguesa foi da maior dignidade. Mais até, o combinado nacional deu um forte pontapé na crise e devolveu, ainda que episodicamente, algum autoestima aos portugueses, que vivem numa brutal depressão colectiva, coisa que os políticos se afiguram incapazes de resolver.
Esta Selecção é boa, muito boa. Poderia, não fosse a Espanha (e os madrastos penaltis) apurar-se para a final e, quiçá, vencer o certame. Pena que a matriz benfiquista não fosse mais acentuada, confinando-se ao promissor Nélson Oliveira, futebolista que a breve trecho, tudo o indica, será o melhor avançado do futebol indígena.
Durante os últimos dias, ouvi, repetidamente, muitas observações de adeptos do nosso Clube frustrados pelo facto da equipa nacional não ter mais jogadores do Benfica no elenco. Percebo-os bem, sobretudo os menos jovens. Tempos houve, tempos prolongados, em que Selecção era sinónimo de Benfica. Só que são tempos irrepetíveis.
A tão propalada globalização, para o bem e para o mal, também atingiu o Futebol. Hoje, os melhores jogadores portugueses (noutros tempos a trajarem de vermelho) são seduzidos por novas paragens. Há mais internacionais no Benfica? Há, com certeza. Não são portugueses? Mas são do Benfica, a despeito da nacionalidade.
Há que entender a mudança, de resto irreversível. Também, durante muitos anos, não foi o Benfica o único clube lusitano que só admitia atletas portugueses nas suas fileiras? Tudo isso é passado. Por mais doloroso que seja, impõe-se compreender o presente e acreditar no futuro. A matriz benfiquista, hoje, é multi-nacional. Mas não deixa de ser a nossa matriz. A nosso matriz singular e continuadamente mítica."
João Malheiro, in O Benfica
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