"António, sinceramente, não sei por onde começar, tantos têm sido os agradáveis momentos de confraternização que temos desfrutado nas últimas, quase, quatro décadas!
Mas lembras-te daquela tua primeira participação num crosse, em França, ainda como júnior? Acompanhei-vos, a ti, ao Cabral e ao Mamede, a Claimont Ferrand, ao célebre Crosse Volvic. Estava um frio de rachar! O Fernando, no final, tinha os dedos tão gelados que chorava quando lhe tiravam as luvas. Apesar disso, tu, em juniores, e ele em seniores, mostraram, para gáudio das centenas de emigrantes, o valor da torrente então nascente do nosso meio fundo, vencendo as respectivas provas.
E já agora, recordas-te da conversa, no outono de 1982, quando regressávamos do Crosse de Gateshead, onde uma delegação nacional fora experimentar o percurso do Mundial de 1983?
Desta vez não foi connosco o Cabral, mas sim o Canário. Ele, então um desconhecido, fez uma prova espetacular. Recordo-me que intitulei a crónica enviada para A BOLA com Canário voa alto em Gateshead.
Mas voltemos à nossa conversa. Eu vinha de um período de estada de quatro anos na Grã-Bretanha e perdera o contacto contigo. Durante os dias em Gateshead achara invulgar a quantidade de cassetes áudio, por gravar, que compraras e, no regresso, esclareceste-me: «Estou sempre a necessitar de gravar novas cassetes, pois os meus amigos, como sabem que eu tenho sempre novidades, vão lá a casa, pedem-mas e levam-nas!»
És um verdadeiro amigo do teu amigo!
Mas dá-me tempo para mais uma recordação.
Por volta de 1987, numa altura de alguma ebulição no atletismo, tu que eras medalha de bronze olímpica, disseste-me: «Presidente, um dia destes vou começar também a dizer mal de qualquer coisa, pois pode ser que assim reparem mais em mim!»
Claro que nunca o fizeste, nem farias, pois, meu amigo António Leitão, és um Atleta com A e um homem com H.
Tem sido um prazer conviver contigo!"
Carlos Cardoso, in A Bola
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