"O homem chegou pela calada, furtivamente, conluiado com marionetas a quem comprou votos a troco de promessas mirabolantes e temerárias, que punham em causa a própria sobrevivência do futebol português. Que bem precisa de concórdia, de harmonia e de bom-senso. Como as coisas não correram conforme estavam mancomunadas, eis que o homem aparece agora a meter os pés pelas mãos e a desdizer hoje o que ontem dissera ou vice-versa. O homem é o senhor Mário Figueiredo, presidente da Liga (qual delas? a Orangina ou a Sagres? e, se há duas ligas, porque não há também duas direcções, como acontece em muitos países?) e, pelos vistos, auto-arvorados dono do futebol. Esquece-se que está sob tutela da Federação e que o poder que detém lhe foi delegado por ela. Todos nós sabemos, infelizmente, que a Federação delegou demasiadas competências à Liga (até a arbitragem e a disciplina lá estavam!) e que agora é difícil recuperá-las, como esta de definir o número de participantes em cada campeonato (vd. Itália).
Apesar de tudo, o homem traz uma ideia de que eu partilho e pela qual me bato há anos: a venda colectiva dos direitos televisivos e uma repartição mais equitativa das receitas pelos clubes da I Liga (só). Mas se bem percebi o que ele disse, caminho que se prepara para seguir não vai conduzir a nada. É preciso ter presente que alguns clubes estão vinculados nessa matéria a contratos de longa duração que têm de ser respeitados. O FC Porto está comprometido até 2016 e o Benfica anda em negociações para se comprometer até 2018. Sem apoio e a intervenção legislativa do Governo não vai a lado nenhum. Estou curiosidade em acompanhar os passos que vão ser dados."
Manuel Martins de Sá, in A Bola
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