"Ao ver a desonrosa eliminação do nosso Benfica da Taça de Portugal, recordava-me das palavras de Padre António Vieira no “Sermão de Santo António aos Peixes”.
Em 1654, o ilustre pensador lusitano, referindo-se aos peixes roncadores, e criticando a soberba dos mesmos, dizia que “O muito roncar antes da ocasião, é sinal de dormir nela”. Nesta simples frase lá ia explicando o nosso grande orador que não é digno dos grandes falar antes da ocasião, pois corre-se o risco de ser a ocasião a ultrapassá-los.
Antes da eliminação frente ao Marítimo, foi um corre-corre de encómios e louvores: os resultados frente ao Manchester e ao Sporting deram azo a que as manchetes fossem feitas com as referências à sequência de vinte e tal jogos invictos. De repente, vi entrevistas exclusivas de futebolistas nossos a jornais desportivos e até a jornais que sobrevivem às custas de mentiras torpes sobre o nosso Benfica. As conferências de imprensa dividiram-se entre o auto-elogio e a tal estatística da invencibilidade… ou seja, roncou-se muito antes da ocasião. Resultado: dormiu-se nela. Foi-se a invencibilidade, foi-se a Taça de Portugal, espero sinceramente que se tenha ido, definitivamente, a falta de humildade no discurso. E, além da falta de muitas outras coisas – desde a sorte a alguns habituais titulares – a humildade foi o que de mais deficitário o nosso Benfica teve naquele Estádio dos Barreiros.
De uma derrota só tira algo de positivo quem tem a capacidade de perceber os erros próprios como uma lição, uma aprendizagem. Quero acreditar que todos, sem excepção, a tenhamos aprendido."
Pedro F. Ferreira, in O Benfica
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