"No jogo entre o Benfica e o PSG, Giuly entrou a vinte minutos do fim. Os comentadores televisivos logo sentenciaram que, embora tratando-se de um atleta de invulgares qualidades, não iria causar mossa ao Benfica. A implacável razão era, tão simplesmente, a idade. Um jogador velho de 34 anos, disseram. Como se tal não bastasse, somaram a idade dele com a de Makélélé: 72 anos, imaginem!
Esta métrica da eficácia de um jogador sempre me fez confusão. Percebo que, com esta idade, não se joguem os 90 minutos com a mesma constância de um jovem. Mas, para os derradeiros 20 minutos, com a adversário já com quilómetros nas pernas, será que ter 34 anos é assim uma tão previsível inferioridade? Arriscaria até a dizer o contrário. Que pode ser uma vantagem assinalável. O que falta (se é que falta) em pulmão, sobra em cabeça e maturidade.
Não é por acaso que se ouve constantemente esta ladainha contra os trintões no futebol. Nada de diferente do que se ouve sobre quem já chegou aos sessenta nas suas profissões. A expressão ser 'velho' apresenta-se, não raro, desqualificada, desconsiderada e mesmo discriminada. A 'ancianidade profissional' convive, dificilmente, com um mundo dominado pelo produtivismo sem humanismo, pelo utilitarismo sem limites, pelo individualismo exacerbado.
Será preciso saber muito de bola para perceber a utilidade inteligente de um Nuno Gomes (34 anos) nos tais 20 minutos finais, como ainda esta segunda-feira se viu no jogo com o Paços de Ferreira? Ou de Rui Costa que ainda era precioso no Benfica, aos 36? Ou de João Tomás, com 35? Ou de Zanetti(37) no Inter, Scholes(36) e Giggs(37) no M. United? E de tantos outros?"
Bagão Félix, in A Bola
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