"O desporto apareceu para benefício das pessoas. Nas suas formas mais primitivas não tinham dirigentes para o enquadrarem nem treinadores para orientarem. Mas praticantes sempre teve! São estes que dão sentido à actividade. Técnicos, dirigentes e gestores surgiram numa fase mais evoluída e encontraram justificação na missão de melhorar todos os factores da prática desportiva, dos atletas e do seu envolvimento, de tal forma que o desporto realize a finalidade última de contribuir para o bem-estar geral das sociedades.
A estes princípios devem obedecer todas as organizações, onde se inclui o desporto e, portanto todas as condutas dos seus actores. Porventura obra dos demónios ou da má formação das pessoas, ou da falta de entendimento sobre a finalidade do que fazem, ou da sua falta de competência, os que devem gerir e enquadrar tendem, demasiadas vezes, a visar o benefício próprio. Vaidade sem ética, poder com ausência de valores, benesses materiais ou sociais à sombra do estatuto justificam o envolvimento de alguns e consequente desregulação dos sistemas e práticas desportivas. Muito melhor estaria o desporto se o ser humano fosse mais respeitado, se não se fosse além do que se conhece e é capaz, se o interesse dos que se deve servir não fosse secundarizado, se a cultura vencesse a esperteza. Será isso exclusivo do desporto? A observação da realidade quotidiana prova que não. O País é disso o mais dramático exemplo. No desporto há quem pense que a vitória do clube, mesmo ilícita, se sobrepõe aos valores do bom desempenho ético no campo, como no País o interesse dos partidos e seus líderes se colocou acima do interesse nacional. Em algumas federações os pequenos interesses mesquinhos de alguns arruinaram anos de trabalho e a prática dos atletas. Tal como vemos Portugal ser destruído por políticos que não percebemos se têm potencial de competência, mas verificamos que almejam derrotar os adversários mesmo que assim destruam o País e sacrifiquem o povo. Será difícil os políticos entenderem que nunca podem ser homens e mulheres em confronto pessoal buscando vitórias sem honra, porque a nobreza da missão que os transcende é juntarem-se para defender Portugal e os portugueses? Mas para isso é preciso ser-se Grande."
Sidónio Serpa, in A Bola
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