Últimas indefectivações

domingo, 30 de novembro de 2025

Federação Proença de Futebol


"É compreensível o orgulho e a ânsia de aparecer, mas há limites que não devem ser beliscados

Há a ânsia de aparecer e há as ‘gaffes’ inexplicáveis, mas também há boas notícias. Comecemos por estas últimas. Desde que é presidente da FPF, função que ocupou há pouco mais de oito meses, Pedro Proença já viu seleções nacionais a seu cargo conquistarem cinco títulos internacionais: em futebol, Liga das Nações, Mundial sub-17 e Euro sub-17; em futsal, Euro sub-19; e em futebol de praia, Liga Europeia feminina.
Uma enorme proeza, sem dúvida, mais ainda por ter sido alcançada em tão pouco tempo. É natural, por isso, que Proença sinta orgulho no seu ainda curto mandato e é, até, inteligível que a esse sentimento acrescente alguma vaidade. Já menos compreensível será a muitas vezes evidente e, aqui e ali, incontrolável necessidade de provar que foi, é e será melhor do que o seu antecessor, Fernando Gomes, com quem as relações pessoais e institucionais estão longe de ser as melhores. E é neste plano que surgem as más notícias, antes das quais deixo um ponto prévio: a memória é, ou deveria ser, aspeto fundamental da vida das instituições. E, neste plano, o que Pedro Proença disse, poucos minutos depois da conquista do Mundial sub-17 por Portugal, não pode passar sem reparo. É que, talvez pela ânsia ou pressa de aparecer logo após novo sucesso, o presidente da FPF cometeu gaffes difíceis de justificar.
Aceita-se que a emoção o tenha baralhado quando mencionou que as seleções nacionais não conquistavam um título mundial «há 24 anos», quando na verdade o último tinha sido há 34 (os sub-20 em 1991).
Bem pior foi a falha absoluta de memória sobre o antecessor que estava no cargo à data dessa conquista: disse Proença que era Gilberto Madaíl (líder de 1996 a 2011) e que a ele devíamos estar agradecidos; pois o presidente nessa vitória a (a de 1991) era o malogrado João Rodrigues - em 1989, era Silva Resende. Mais mais grave, todavia, terá sido a ausência de menção a Carlos Queiroz, o selecionador de júniores em Riade-1989 e Lisboa-1991, os únicos títulos mundiais na história do futebol português até anteontem.
Sem Carlos Queiroz, nunca saberemos quantos anos mais necessitaria Portugal de esperar pelo brutal salto qualitativo na formação por ele dado e que obriga a FPF e o nosso futebol a por ele ter uma dívida eterna de gratidão.
Queiroz... que estava em Doha no dia final do Mundial sub-17 (com a selecção de Omã). Já agora, também Nelo Vingada, adjunto nas conquistas de 1989 e 91, estava em Doha, assim como Hélio Sousa, ex-selecionador Sub-17 e que se encontrava em Doha com a sua seleção atual, a do Kuwait... Será que foram convidados pela FPF para o momento histórico de quinta-feira passada?
Por fim, uma nota: na memória coletiva, ficaram para sempre nomes como Figo, Rui Costa, Jorge Costa, João Vieira Pinto e tantos outros que naqueles anos de 89 e 91 nos fizeram sonhar com uma nova era de conquistas; tal como ficarão para sempre os nomes de Bino Maçães e de meninos como Anísio Cabral, Mateus Mide, José Neto, Romário Cunha ou Daniel Banjaqui, citando apenas alguns dos verdadeiros 21 heróis e seus treinadores que, na relva, com muitos sacrifícios da vida pessoal, com esforço, suor e lágrimas, elevaram alto o nome de Portugal e merecem todos os holofotes que sobre eles incidam. Quanto a Pedro Proença, o mais provável é que, tal como agora se esqueceu de um antecessor, também ele seja esquecido no futuro."

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!