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quarta-feira, 23 de julho de 2025

Centralização dos direitos televisivos: oportunidade e exigência


"O futebol português aproxima-se de um dos momentos mais determinantes da sua história recente: a entrada em vigor da centralização dos direitos televisivos.
Trata-se de um movimento há muito esperado, que acompanha tendências internacionais e que tem o potencial de tornar a Liga mais equilibrada, mais atrativa e, por essa via, mais competitiva interna e externamente. Mas a sua concretização acontece num contexto distinto daquele que muitos previram quando se iniciou esta reflexão: um ciclo de contração nos valores pagos pelos mercados pelos direitos televisivos, muito claro em diversas geografias e competições.
Esta realidade impõe uma abordagem realista, mas, também, corajosa e estratégica. A centralização não pode ser vista como uma espécie de solução mágica para os problemas estruturais do futebol português, mas antes como um instrumento que, bem aplicado, pode gerar maior previsibilidade, reforçar a coesão da competição e garantir, a médio prazo, novas bases de crescimento sustentável.
Uma maior equidade na distribuição, mais transparência nos critérios e a defesa da meritocracia devem ser princípios fundamentais do novo modelo. Não basta redistribuir: é essencial redistribuir melhor, garantindo que a dimensão e representatividade social dos clubes é combinada com o esforço desportivo e a performance competitiva, sendo todas estas dimensões justamente ponderadas.
Mas é igualmente importante perceber que o valor total do bolo a distribuir depende, em grande medida, da capacidade coletiva que tivermos para tornar o produto Liga Portugal mais relevante: calendarização inteligente dos jogos, estádios que acolham melhor e de forma mais confortável o público, transmissão de alta qualidade, experiências digitais inovadoras, tudo isto terá impacto direto na valorização futura.
Numa fase em que os valores pagos pelos direitos televisivos, registam, em vários países e continentes, quedas substanciais, é necessário saber competir pelo interesse do adepto, do patrocinador e do espectador, dentro e fora de campo. Centralizar os direitos é, antes de mais, centralizar o foco: na qualidade da competição, na experiência dos adeptos e na credibilidade de um produto que deve orgulhar todos os que nele participam.
Portugal tem, no seu futebol, um ativo extraordinário, mas só valerá mais se todos, com inteligência e visão, soubermos valorizar o que o torna único. É este o desafio e é este o momento."

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