"Não será uma ideia consensual
entre o universo benfiquista,
mas confesso que desconfio
bastante do mito do futebol
ofensivo, do mito do futebol
bonito. Quando vejo outras ligas, quero
espectáculo.
Quando vejo o Benfica, quero apenas ganhar. E ao
que me parece, a forma mais
segura (e mais barata) de o conseguir passa, antes de mais, por
solidez defensiva e robustez do
meio-campo – tendo como prioridade não permitir ao adversário criar ocasiões de golo. Na
esmagadora maioria dos jogos
de um campeonato como o
nosso, não sofrendo, acabaríamos por marcar pelo menos
uma vez. Marcando uma vez,
estava ganho.
Deixando de lado factores subterrâneos, foi também uma
estratégia desportiva versão
“tanque de guerra” que ajudou o
FC Porto a conquistar vinte
campeonatos em trinta anos;
e que Ruben Amorim transportou para o Sporting, com os
resultados que conhecemos.
Há quem diga que a matriz identitária do Benfica não é essa.
Falso! O Benfica nasceu, cresceu e chegou ao topo da Europa,
ainda antes de Eusébio, com
equipas de combate e de suor,
quando não de sangue e de
lágrimas. O futebol requintado
era então o dos “Violinos”.
Depois, é verdade, houve Eusébio, e com ele uma equipa dominadora. Mas nos últimos cinquenta anos o nosso clube perdeu mais do que ganhou
– demasiadas vezes por tentar
reproduzir o paradigma de um
tempo que já não existe, tornando-se permeável ao querer
encantar a bancada com veludo.
E quando no fim corre mal, até
os admiradores de ópera,
mesmo eles, ficam desiludidos.
A culpa é de todos, e começa
desde logo nos adeptos. Quantos estariam dispostos a ir à Luz
ver o Benfica ganhar 1-0 ao
Arouca ou ao Rio Ave? Quantos
aceitariam jogadores de músculo, gladiadores sem grandes
habilidades mas capazes de
dominar o espaço? Com a janela
de mercado escancarada, fica a
reflexão."
Luís Fialho, in O Benfica

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