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quarta-feira, 23 de julho de 2025

Hóquei e o campo


"NOS SEUS 74 ANOS DE ATIVIDADE, O HÓQUEI EM CAMPO TEVE DE SE ADAPTAR À FALTA DE ESTÍMULO COMPETITIVO E DE ESPAÇOS PARA TREINO

No dia 3 de outubro de 1987, o hóquei em campo do Benfica somava a sua segunda Taça de Portugal, o quinto e último troféu nacional no seu palmarés. A época 1986/87 terminava com a conquista de tudo o que havia para conquistar: a dobradinha, o Campeonato Regional e a Taça Disciplina, além do apuramento para a Taça dos Clubes Campeões Europeus. Mas a rota até aqui foi em socalcos de incerteza.
Em jeito de brincadeira pela novidade, o Benfica estreou o hóquei em campo em 1923, uma semana depois do primeiro jogo em Portugal. Ilídio Nogueira, Vítor Gonçalves, Ribeiro dos Reis, mais tarde Cosme Damião, entre outros, foram algumas das figuras que alinharam no Campo de Benfica, nas traseiras da Avenida Gomes Pereira.
Dois anos depois, passaram a usufruir do Campo das Amoreiras, instalação que valia da parte da secção um aplauso a Álvaro Curado, diretor de campo. Receberia novo agradecimento no período em que o Benfica conquistou dois Campeonatos de Portugal, em 1944 e 1947, já em utilização plena do Campo do Campo Grande, pese embora o recinto não subtraísse as lacunas de espaço que a modalidade exigia para “uma preparação conveniente”.
Estas mudanças contínuas prejudicavam a modalidade. A inauguração do Estádio da Luz, em 1954, não foi suficiente. O hóquei em campo e o andebol, em 1960, só podiam treinar no Campo do Campo Grande antes das 8 da manhã e depois das 8 da noite, agravando-se o facto de o campo não possuir iluminação.
Pontualmente, clubes como o CIF e o Palmense disponibilizavam os seus campos para que os treinos hoquistas encarnados continuassem. Ainda assim, o espaço do Campo Grande mantinha-se essencial, especialmente para as chamadas “modalidades sacrificadas”, onde encaixavam o hóquei em campo, o atletismo e o râguebi.
A cidade desportiva, tão desejada, projetada em 1952 para que o hóquei em campo tivesse espaço de treino, só se viu concretizada em 1973 com a inauguração do campo n.º 2, na Luz, e em 1977 com o campo n.º 4, “especialmente pensado para o hóquei em campo”.
Assim chegava aos anos 80 como “modalidade em evidência no Clube”. Só faltava o recinto, porque o hóquei em campo recebia os jogos no Estádio da Luz, partilhando-o com o futebol. O campo sintético era o necessário à modalidade “para que Portugal consiga atingir o nível dos outros países”. A modalidade não chegou a ter essa benesse.
Na gerência de Manuel Damásio, em 1997, várias atividades desportivas foram suprimidas por motivos orçamentais. O hóquei em campo foi uma delas.
Na área 3 – Orgulho Eclético, do Museu Benfica – Cosme Damião, pode conhecer os cinco troféus nacionais, conquistados nas décadas de 1940 e 1980, espelho da resiliência dos atletas e seccionistas que nunca desistiram do hóquei em campo."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

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