"Lutar pelo Benfica tornou-se um ato de resistência. Num clube onde o conformismo se disfarça de estabilidade e o silêncio se vende como virtude, ser exigente é hoje quase um crime de lesa-majestade. Mas quem ama verdadeiramente o Benfica não se cala. Não pode calar.
O Benfica que defendo é um clube transparente, participativo, democrático, onde os sócios não são figurantes mas protagonistas. Um clube onde se honra a história com ações, não com frases feitas em conferências de imprensa. Mas esse Benfica — o Benfica dos valores, da exigência, da ética — tem sido sistematicamente abafado. E quem se recusa a alinhar na coreografia do silêncio é apontado, isolado, olhado de lado.
Falo por mim, mas sei que não estou só. Lutámos por novos estatutos, melhores, mais justos, mais modernos. Conseguimo-los. Com sacrifício, com trabalho invisível, com resistência contra a indiferença de muitos que preferem manter tudo como está — desde que ganhemos de vez em quando. Mas não basta ganhar. Ganhar é o mínimo. Ganhar sem honra é derrota disfarçada.
Defendemos — e continuamos a defender — que um ex-presidente que agride um sócio numa Assembleia Geral tem de ser responsabilizado. Não pode passar incólume. Não pode ser protegido por silêncio cúmplice ou esquecido por conveniência. Só após persistência incansável, e muita pressão, o episódio foi finalmente registado em ata. Como se fosse preciso mendigar justiça dentro da própria casa.
E no meio disto tudo, o que ouvimos? “Lá estás tu outra vez.” “Deixa isso.” “És um chato.” Como se lutar pelo que é certo fosse incómodo. Como se o maior crime fosse lembrar que o Benfica tem princípios. Como se a verdadeira heresia fosse amar demasiado o clube e não aceitar que ele se torne uma caricatura de si próprio.
Custa. Dói. Ser a gota no oceano esgota. Porque o oceano devia ser vermelho de convicção, e não um mar de indiferença. Porque devia ser normal defender o Benfica — e anormal era tolerar o que o envergonha. Mas neste clube, neste tempo, a inversão dos valores é tal que quem exige é visto como ameaça, e quem se cala é promovido a defensor do “bem-estar”.
Talvez seja uma utopia, o Benfica que defendo.
Talvez. Mas se for, recuso-me a abdicar dela. Prefiro ser sozinho com coluna, do que estar cercado por quem abdica da sua. Prefiro ser o “chato” que luta, do que o cordeiro que assiste. Prefiro ser o sócio incómodo, do que o cúmplice passivo.
Porque mais vale sozinho do que mal acompanhado — sobretudo quando se trata de honrar o Sport Lisboa e Benfica. E enquanto houver sangue nas veias, a luta continua."

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